O que se sabe até agora sobre como o clima afeta o coronavírus?



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O escritor israelense Yuval Harari destaca que, ao longo da história, a humanidade tem vencido a guerra contra as epidemias, por se apoiar na análise científica da informação, melhor arma de defesa contra os patógenos.

De fato, cientistas do mundo inteiro correm contra o tempo para conhecer as características, mutações e comportamento do Sars-Cov-2, coronavírus que já devasta praticamente todo o Planeta, causando a doença Covid-19.

Pela abrangência global da pandemia, uma pergunta importante que pesquisadores buscam esclarecer é sobre a influência do clima na redução da transmissão da doença.

Especialistas da Academia Nacional de Ciências, dos Estados Unidos, reagiram, após declarações do presidente Donald Trump, no dia 23 de abril, de que o vírus “vai embora” no calor. Os pesquisadores declararam que, embora já existam “alguma evidência” de uma menor disseminação do coronavírus em climas quentes, isso ainda não é um consenso científico.

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Organização Mundial de Saúde diz que coronavírus não é sazonal

No último dia 28 de julho, a porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Harris, afirmou que a pandemia de Covid-19 não é sazonal. Há evidências convincentes de que o Sars-CoV-2 não é afetado pela sazonalidade ou clima regional. Ele se espalha pelo contato humano, sobretudo em áreas de alta densidade populacional. 

Como ainda não tínhamos experiência com pandemias por coronavírus, quando o Sars-Cov-2 começou a se espalhar, era comum comparar a infecção a pandemias anteriores do Influenza (vírus da gripe).

Porém, o conhecimento científico construído até agora mostra que o novo coronavírus não compartilha o mesmo comportamento do vírus da gripe, de acompanhar as estações climáticas sazonais. 

Sendo assim, especialistas alertam que é errado pensar a Covid-19 como uma “onda”, pois o mais adequado seria considerar a doença como um grande “incêndio”. Como um "incêndio", o coronavírus procura incansavelmente seu combustível, os seres humanos, e continuará se espalhando, enquanto tiver acesso à nossa espécie.

Dessa forma, ele devasta algumas áreas e poupa outras, dependendo da disponibilidade de hospedeiros humanos. Ainda não sabemos se a imunidade é permanente ou se tem curta duração. Para mais informações sobre o assunto, leia este post

O fato é que o coronavírus continuará se espalhando, até atingirmos imunidade suficiente, seja por anticorpos protetores ou por uma vacina eficaz e amplamente disponível, capaz de quebrar o ciclo da transmissão comunitária do vírus. 

Daí a necessidade de uma ação organizada para refrear a disseminação do vírus, evitando colocar mais combustível nesse selvagem fogo da Covid-19. Reduzir a transmissão, a um nível gerenciável, requer colaboração, para restringir os contatos sociais, da melhor maneira possível, evitando a explosão do número de casos.

Qual a influência do clima sobre a sazonalidade do coronavírus?

Em abril deste ano, um grupo de pesquisadores da Universidade Harvard, que trabalha com modelagem, mostrou que o novo coronavírus sobrevive melhor em condições mais frias e secas.

Essas condições climáticas propiciam maior estabilidade ao vírus, ampliando sua propagação. Quanto maior o tempo em que o vírus permanece estável no ambiente, maior sua capacidade de infectar outras pessoas e provocar surtos epidêmicos.

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O clima entra em jogo porque afeta a estabilidade do vírus fora do corpo humano, quando expulso pela tosse ou espirro. É possível que quanto maior a temperatura e a umidade, mais curto o tempo de sobrevivência do vírus.

Os coronavírus são uma família dos chamados "vírus envelopados". Isso significa que eles são revestidos com uma camada oleosa, conhecida como bicamada lipídica, cravejada com proteínas, que se destacam como pontas de uma coroa, daí o nome dos coronavírus (do latim, corona significa coroa).

Pesquisas com outros tipos de coronavírus sugerem que esse revestimento oleoso os torna mais suscetível ao calor, em relação àqueles que não possuem essa camada. Em condições mais frias, o revestimento oleoso endurece para um estado semelhante a borracha, protegendo o vírus por mais tempo quando está fora do corpo humano.

Para comparar, a característica é parecida com a gordura da carne cozida, que endurece à medida que esfria. Como resultado, a maioria dos vírus envelopados tende a mostrar certa sazonalidade, ou seja, proliferam-se com maior ou menor velocidade, dependendo do clima de cada estação do ano.

Apesar desse avanço científico, especialistas alertam: devido à falta de imunidade global, essa possível eficiência menor de transmissão, em locais mais úmidos e com maiores temperaturas, não levará a uma redução significativa da disseminação da doença.

Com isso, a adoção de grandes intervenções em saúde pública, como distanciamento social, quarentenas, mudança no comportamento das pessoas e controle de higiene em espaços públicos, continua essencial para deter a pandemia.

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Os cientistas também argumentaram, em nota enviada para contestar o chefe da Casa Branca, que o vírus ainda está sendo transmitido, em países com climas quentes. Na Austrália e no Irã, por exemplo, países atualmente em climas de verão, houve uma rápida disseminação do vírus.

É o caso também de Manaus, no estado brasileiro do Amazonas. Com altas temperaturas e umidade, no começo da pandemia, o sistema de saúde pública entrou rapidamente em colapso, em função do surto de casos confirmados de Covid-19.

Por outro lado, o Rio Grande do Sul, localizado no extremo sul do País, ficou mais frio e seco, no período de verão-outono de 2020. Todavia, o estado não registrou descontrole no número de casos de Covid-19, nos primeiros meses da pandemia no Brasil, e logo retomou suas atividades econômicas. Em agosto deste ano, a Covid-19 chegou com mais força ao Sul do Brasil. 

Assim, os dados disponíveis, no Brasil, mostram que, mesmo que o clima influencie, em algum grau, na disseminação do vírus, o fato de grande parte da população ser suscetível ao coronavírus, afeta a velocidade de transmissão da doença.

Além disso, fatores socioeconômicos e questões culturais potencializam a propagação do vírus. É o caso da grande desigualdade social no Brasil, da falta de infraestrutura básica para a população e da dificuldade para isolamento dos mais vulneráveis.

Também ainda não havia no País uma memória coletiva sobre como se comportar, para evitar a velocidade de contágio de uma pandemia.

Em países como a China, Hong Kong, Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan e Japão, depois da experiência com o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), em 2002, as pessoas estavam preparadas para adotar práticas sociais radicais de higiene e distanciamento social.

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Conhecer o coronavírus e as transformações genéticas naturais porque passa é a primeira etapa para encontrar uma vacina ou tratamento, que possam controlar a pandemia do novo coronavírus.

Cientistas de diferentes países já concluíram que o Sars-CoV-2 é um vírus estável, acumulando, em média, uma a duas mutações por mês, taxa considerada muita baixa e muito inferior às transformações genéticas do vírus da gripe. Isso pode facilitar na efetividade da imunização pela vacina contra a Covid-19, quando esta vier a ser descoberta.

Embora os estudos com o Sars-Cov-2 ainda sejam incipientes e haja muitas incertezas, já existem evidências de que o clima é um dos fatores que influencia, em algum grau, na estabilidade e propagação do novo coronavírus.

Mudanças climáticas aumentam incidência de doenças infecciosas

Especialistas ligados ao Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) vêm chamando atenção para as ameaças das mudanças climáticas à saúde humana, sobretudo para o risco de surtos de epidemias, em diferentes locais do Planeta.

Qual a relação entre as mudanças climáticas e a atual pandemia do novo coronavírus? Que novas ameaças podem surgir, como consequência de mudanças rápidas nos sistemas da Terra? São perguntas para as quais ainda se buscam explicações científicas.

Diversas pesquisas já estabeleceram uma ligação entre fenômenos climáticos severos e surtos de epidemias. É o caso de padrões climáticos do oceano Pacífico, conhecidos como El Niño Oscilação Sul (Enos).

Os impactos desses eventos extremos afetam diretamente os recursos naturais e as sociedades humanas de todo o mundo, com registros de secas intensas, inundações e incêndios florestais, como os que atualmente devastam a Amazônia.

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As últimas quatro pandemias de gripe (1918, 1957, 1968 e 2009) parecem ter um fator em comum: surgiram logo após o fenômeno climático La Niña. Em 2012, pesquisadores da Columbia University e da Harvard School of Public Health estabeleceram uma conexão entre condições climáticas, aves e pandemias de gripe.

Eles concluíram que certos surtos de doenças, incluindo algumas das piores pandemias do século XX, estão ligados aos padrões climáticos de Enos.

O fenômeno La Niña altera os padrões migratórios das aves, hospedeiras do vírus da gripe. À medida que essas populações de pássaros separam-se e reúnem-se, em poucos anos, devido ao Enos, surgem novos surtos de gripe. As mudanças em seu regime migratório potencializam mutações do Influenza, entre grupos separados de aves, criando novas e mais perigosas estirpes do vírus.

Com a chegada da La Niña, diferentes espécies de pássaros começam a se misturar novamente, provocando mutações, que tornam o vírus Influenza mais agressivo e irreconhecível, para o sistema imunológico humano. A doença é transmitida através de fezes, líquidos e aerossóis.

Os cientistas disseram que acompanhar as variações climáticas pode ajudar as autoridades a prever e se preparar, para responderem a surtos de doenças. Mudanças climáticas também podem permitir a criação de novos patógenos, bem como aumentar o número de pessoas expostas a uma doença, elevando a probabilidade de surtos.

Outro estudo mostrou que a incidência da gripe suína é maior no inverno. O clima frio e seco ajuda o vírus a sobreviver, por mais tempo, fora do organismo. Nessas condições, as gotículas de saliva demoram mais para evaporar e permanecem no ar por longos períodos.

Como publicamos em post anterior, as mudanças climáticas podem ser responsáveis pelos próximos eventos de “cisnes negros”, que serão chamados de “cisnes verdes”. São eventos desconhecidos e inesperados, com baixa probabilidade de acontecerem, mas que trazem profundos impactos à humanidade, a exemplo da atual pandemia.

No caso das mudanças ambientais, há alguma projeção antecipada dos impactos, a partir de modelos climáticos, mas a dimensão dos danos humanos e de infraestrutura é desconhecida, bem como quando irão ocorrer e qual a profundidade da crise.

Como ocorre com a atual pandemia, provovada pelo novo coronavírus, talvez nos tornemos, a partir de agora, mais atentos aos alertas dos cientistas, sobre os impactos esperados das mudanças climáticas.

Eles chamam atenção para um futuro com potencial de ocorrerem grandes catástrofes naturais, decorrentes do clima. Também destacam situações que possam colocar a humanidade em risco, como outras pandemias que possam ocorrer em futuro próximo.

No Livro The Precipice, lançado no mês passado, Toby Ord destaca o aquecimento global e, principalmente, a guerra nuclear, como principais riscos existenciais à humanidade. Enquanto líderes de Estados nacionais estão preocupados com acordos comerciais e com o crescimento dos seus produtos internos brutos (PIB’s), catátrofes ambientais, ou pandemias como a atual, podem estar prestes a acontecer, sem que estejamos preparados para isso.

O autor também fala que não podemos ignorar ou negar a ameaça representada pelos avanços nas áreas de biotecnologia, inteligência artificial e, sobretudo, armas nucleares, pois isso aumentará sobremaneira o nosso risco potencial. 

Emergência da Covid-19 pode ter relação com El Niño

Especialistas chamam atenção que os efeitos da crise climática na saúde humana podem ser mais insidiosos e mais profundos do que jamais imaginamos.

Os primeiros casos do novo coronavírus eclodiram na cidade chinesa de Wuhan, em dezembro de 2019, enquanto variações climáticas ocorriam no Pacífico equatorial.

Por coincidência, 2019 foi um dos anos mais quentes da última década, impulsionado por um evento de El Niño, que alterou os padrões de chuva na China, intensificando a poluição do ar em algumas cidades.

De acordo com dados disponíveis das autoridades chinesas, no período de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019, houve registro de chuvas em 55 dias, em algumas cidades do sul do País. Esse volume de precipitações corresponde a quinze dias a mais, em relação à média histórica.

O El Niño também contribuiu para o reaparecimento da poluição atmosférica em torno de Pequim e em províncias vizinhas de Hubei, no norte da China. O fenômeno meteorológico aumentou muito a umidade, elevando a retenção de partículas poluentes na atmosfera, que pode ter “transportado” o novo coronavírus e contribuído para sua transmissão aérea.

O aquecimento global impulsiona a ocorrência de fenômenos extremos de El-Niño, que originam várias doenças, transmitidas pela água ou por vetores, a partir do aumento de patógenos.

Assim, populações humanas podem ser infectadas diretamente, por mordidas ou saliva de animais (transmissão zoonótica), ou indiretamente, via vetores hospedeiros intermediários. Estes carregam o patógeno da doença e o transmitem, pela picada, aos humanos.

No caso da Covid-19, cientistas sugerem que o surto ocorreu por meio da transmissão de zoonoses, associada a um grande mercado de frutos do mar, em Wuhan, seguido por transmissão entre os seres humanos.

O vírus se espalhou pelo mundo e já infectou quase 19 milhões de pessoas, até a data de atualização deste post, em 06 de agosto de 2020. Esse número não inclui a enorme subnotificação de pessoas contaminadas pelo vírus, que ocorre na maioria dos países, a exemplo do Brasil.

É possível que o surto do novo coronavírus na China esteja relacionado às variações climáticas, cujos impactos levaram à contaminação de animais e, em seguida, os patógenos foram transmitidos a humanos.

De repente, passa a ser vista com atenção a forma como fenômenos climáticos podem desencadear doenças pandêmicas, afetando todos os aspectos da vida humana.

Uma visão mais abrangente da saúde humana torna necessário monitorar a influência do clima para vigilância do surgimento de possíveis surtos epidêmicos.

Se compararmos a Covid-19 com outras doenças respiratórias, provocadas por vírus, como uma gripe normal, estatisticamente, é mais comum a transmissão em condições de clima mais frio

Com a aproximação do inverno, aumenta consideravelmente a transmissão de doenças respiratórias, tais como as gripes e resfriados, provocadas pelos vírus H1N1 e Influenza. Essas doenças, muitas vezes subestimada pela população, podem trazer complicações e levarem até mesmo a óbito.

Este ano, por conta da pandemia, sua incidência acendeu um alerta às autoridades sanitárias, em função de aumentarem a demanda por leitos hospitalares e tornarem os idosos mais vulneráveis à Covid-19. Por isso, a campanha de vacinação foi antecipada e ocorreu em março.

Pela possibilidade de sazonalidade do novo coronavírus, falaremos, a seguir, como ficará o clima em cada região brasileira, no período de maio a julho. As informações são importantes por compreenderem o período de pico dos casos de Covid-19, contribuírem para o planejamento de ações de combate à pandemia e o aumento da capacidade de atendimento dos sistemas de saúde.

Contudo, como vimos, em países como o Brasil, o Irã e a Austrália, a influência do clima tem sido insuficiente para conter a propagação do vírus, em função da falta de imunidade de rebanho, de problemas socioeconômicos e culturais. Estas questões têm sido fatores preponderantes para potencializar a pandemia, tornando essenciais manter as medidas de isolamento.

Laboratório divulga previsão climática para regiões brasileiras

Consultamos o meteorologista Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), para saber qual a previsão climática para as regiões brasileiras, no período de maio a julho de 2020.

Se você procura informações atualizadas sobre a previsão climática, para a primavera deste ano, leia este post

Para o próximo trimestre, as projeções da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos, manteve a condição de neutralidade climática, ou seja, sem El Niño ou La Niña. Há uma probabilidade, de quase 80%, de continuidade da condição de neutralidade do fenômeno Enos, em toda a faixa equatorial do oceano Pacífico.

Confira, a seguir, os mapas da previsão climática para o Brasil,  no próximo trimestre. Do lado esquerdo, está o mapa das temperaturas. À direita, do padrão de chuvas. Na sequência, será feita a análise de como ficará o clima em cada região do País. 

Nordeste  No trimestre, são esperadas chuvas de normal a um pouco acima da média histórica, no extremo norte do Maranhão, do Piauí, do Ceará, do Rio Grande do Norte e na costa leste da região.

Nestes locais, as temperaturas também ficarão ligeiramente acima da média. Nas demais áreas do Nordeste, a previsão é de chuvas e temperaturas em torno da média.

Na costa leste do Nordeste, as chuvas irão continuar até meados de agosto, ocasionadas pelas "Ondas de Leste". Este fenômeno, quando associado a frentes frias, é responsável por pancadas de chuvas, às vezes intensas, no período de 24 horas, sobre o litoral da região, entre os estados de Natal e Salvador.

Já no Semiárido brasileiro, os volumes de chuvas serão baixos nesse período, em função do final da quadra chuvosa.  

Norte – São esperadas chuvas ligeiramente abaixo da média histórica, em toda a região Norte. Já as temperaturas, ficarão acima da média. Haverá redução das chuvas, com irregularidade na distribuição, na porção norte da região.

Porém, linhas de instabilidade poderão ocasionar pancadas de chuvas e trovoadas, no noroeste do Amazonas. O Acre, Rondônia, Tocantins, sul do Amazonas e Pará estarão secos, até meados de agosto. No Amapá, litoral e norte do Pará, terá início o período menos chuvoso.

Centro-Oeste – No próximo trimestre, predominará estiagem, em todo o Centro-Oeste, com baixos índices de umidade relativa do ar. Estão previstas chuvas e temperaturas ligeiramente abaixo da média histórica, em toda a região.

No próximo trimestre, haverá redução das chuvas e consequente aumento dos incêndios florestais. Ocorrerá geadas, no sul do Mato Grosso do Sul, por conta da incursão de massas de ar frio.

Sudeste – A previsão é de chuvas em torno da média, em boa parte da região, com exceção de áreas do interior do Rio de Janeiro, bem como do sul, área central e oeste de Minas Gerais. Estes locais irão receber menos chuvas que o normal.

As temperaturas ficarão em torno da média, na maior parte da região, e acima da média, nas áreas em amarelo do mapa. Durante o trimestre, massas de ar frio irão se tornar mais frequentes e intensas, favorecendo o declínio das temperaturas e a ocorrência de nevoeiros e geadas, principalmente nas regiões serranas.

Sul – São esperadas chuvas e temperaturas acima da média histórica, em toda a região. Durante o trimestre, o regime de chuvas será influenciado principalmente por sistemas frontais. Devido à passagem rápida desses sistemas, associados às baixas pressões, podem ocorrer rajadas de ventos fortes, seguidas por ventos moderados. Há previsão de veranicos (4 a 7 dias), com temperaturas elevadas, ausência de chuvas e ventos muito fracos.

Como ficará o El Niño Oscilação Sul nos próximos meses

Barbosa destaca que, no decorrer do segundo semestre, há previsão de águas mais frias que o normal, no oceano Pacífico, com possibilidade de formação de um La Niña, que ainda precisa ser confirmado, nos próximos meses. A soma das chances de neutralidade e de La Niña passa dos 70%.

Caso não se confirme a formação de um La Niña, no último trimestre do ano, e o Pacífico permaneça em situação de neutralidade do Enos, espera-se um padrão típico do outono no Brasil. Ou seja, enfraquecimento das chuvas, em partes do Sudeste, Centro-Oeste e interior do Nordeste, bem como aumento delas na região Sul.

Conclusão

De acordo com a previsão climática do Lapis, no próximo trimestre, haverá, em média, predomínio de dias mais quentes e úmidos, no Centro-Sul do Brasil. Já no Norte e no Nordeste, o período será mais seco e mais quente.

As pesquisas sobre a influência do frio, do calor, da umidade ou da secura, na proliferação e gravidade da Covid-19, poderão ajudar as regiões mais vulneráveis.

A informação antecipada sobre como o clima afetará os padrões de sazonalidade do vírus – sua propensão a voltar, ano após ano, de acordo com a estação – pode determinar o planejamento de períodos intermitentes de circulação e distanciamento social.

Todavia, conforme indicam os dados disponíveis, até agora, das regiões brasileiras, a influência do clima não tem sido suficiente para conter o vírus, diante de fatores socioeconômicos e culturais, que têm sido preponderantes.

É o caso de desigualdades sociais, falta de saneamento básico, moradias precárias, problemas de mobilidade urbana, dificuldade para isolamento social em áreas superpopulosas e falta de informação para prevenção ao contágio.

Na sua opinião, os gestores locais têm considerado as orientações científicas para definir ações de contingência ao vírus? Você acredita que o problema da desigualdade é o grande desafio da pandemia no Brasil?

Seja um colaborador. Fazendo uma doação de qualquer valor, você contribui para ampliar nossa missão de disseminar conhecimentos relevantes, em benefício da sociedade brasileira. 

*Post atualizado em: 07.08.2020, às 08h42. 

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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