O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga periodicamente uma pesquisa sobre o Perfil dos Municípios Brasileiros (Munic) e sua capacidade institucional para enfrentar episódios de seca.
De acordo com os resultados, em 2020, a seca atingiu cerca de 53% dos municípios brasileiros. Em 2017, era cerca de 48% dessas localidades.
Comparando-se as informações do Munic 2017 e 2020, além do aumento na proporção dos municípios que enfrentaram seca, observou-se também uma mudança significativa, com relação à distribuição regional desses municípios.
É que enquanto em 2017, a região Nordeste, conhecida pelas secas frequentes, intensas e com fortes impactos, foi a que apresentou a maior proporção de localidades afetadas por seca (82%), na região Sul, apenas cerca de 10% dos municípios enfrentaram secas.
Já em 2020, o cenário da seca mudou no País: a região Sul foi a mais afetada por estiagem, com mais de 71%, sobretudo em razão do La Niña. Já o Nordeste ficou em segundo lugar, com cerca de 65% dos seus municípios registrando seca. Com a menor proporção, está a região Norte, com cerca de 30% dos municípios tendo enfrentado esse tipo de evento climático.
O Rio Grande do Sul apresentou a maior proporção de municípios atingidos por secas, estimada em 89%, seguido pelo Rio Grande do Norte, com cerca de 86%.
O Amapá foi o único estado onde os municípios não registraram secas. As secas atingem principalmente municípios brasileiros de pequeno porte, pois 51% dos que registraram seca contavam com até 50 mil habitantes.
Apesar da frequência da seca nos municípios brasileiros, em 2020, apenas 30% deles possuíam um Plano de Contingência e/ou Prevenção para a Seca, que é o conjunto de ações planejadas e infraestrutura necessária para o enfrentamento de um possível período de seca.
Vale lembrar que ações coordenadas e planejadas são fundamentais para adaptação à seca e para evitar que esse evento climático se torne um desastre, nesses pequenos municípios.
O conteúdo deste post foi aprofundado no Livro “Um século de secas”. É a obra mais completa sobre o Semiárido brasileiro, que utilizou dados de satélites para analisar a seca e o processo de desertificação, em um período de mais 100 anos. Para conhecer o Livro, clique aqui.
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O mapa acima, processado com dados de satélites, analisa o percentual de umidade do solo, nas regiões brasileiras, no último dia 28 de junho. Neste mapa, é estimada a quantidade de água contida no solo, a uma profundidade de até 5 cm, por meio de sensores de micro-ondas.
Esse mapa, processado no software QGIS, é um dos indicadores que fornecem, com maior agilidade, uma radiografia da situação da seca nas regiões brasileiras, sendo fundamental para o planejamento agrícola.
O destaque desse mapa é o alto nível de umidade do solo, na porção centro-norte do Nordeste brasileiro, que vai desde Sergipe até o Ceará e norte do Piauí. Do nordeste da Bahia até o Recôncavo Baiano, a umidade do solo está muito baixo, indicando predomínio de seca, na última semana.
Já no Sul do Brasil, houve redução na umidade do solo no Paraná e em Santa Catarina. Somente o Rio Grande do Sul tem recebido chuvas significativas e mantido bons níveis de umidade do solo.
No oeste do Centro-Oeste também houve aumento da umidade do solo, principalmente no oeste do Mato Grosso e no norte do Mato Grosso do Sul.
Mas a seca tem atingido fortemente grande parte da Argentina e continua afetando a área central do Brasil, principalmente o Sudeste, parte do Centro-Oeste e parte do Sul do Brasil.
A imagem de satélite foi gerada no software QGIS, com uso do método de geoprocessamento “Mapa da Mina”, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis). Para aprender a gerar esse e outros tipos de mapa de monitoramento, baixe o Livro gratuito “Como dominar o QGIS: o guia definitivo para mapeamento”.
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O mapa do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) é um dos produtos de satélites amplamente utilizados para avaliar a saúde da vegetação, em particular, a influência da seca sobre a cobertura vegetal.
Esse mapa foi processados no software QGIS, a partir do cálculo do NDVI. Com esse indicador, as áreas em verde indicam vegetação vigorosa, enquanto as áreas em vermelho destacam seca intensa. As áreas em amarelo é sinal de seca moderada.
O mapa acima mostra a situação da cobertura vegetal, referente ao período de 20 a 26 de junho. Neste período, houve pouca alteração na saúde da vegetação, nas regiões brasileiras, em relação à semana anterior.
Destaca-se a intensificação da seca na região de Matopiba, fronteira agrícola que resulta da confluência de territórios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
A região central do Brasil continua concentrando as áreas secas, embora ainda com influência moderada sobre a vegetação. A seca atinge grande parte do Centro-Oeste, Sudeste, estado do Tocantins, área central e sul do Nordeste, além do Rio Grande do Sul.
A situação da cobertura vegetal, apresentada na imagem de satélite, é uma resposta aos níveis de umidade do solo e aos índices de precipitação, de pelo menos uma semana anterior ao período dos dados utilizados.
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O Semiárido brasileiro é a região do País onde municípios mais enfrentam eventos de seca, inclusive com condições bastante severas. A partir da análise do mapa semanal da cobertura vegetal, vamos analisar a atual situação da seca na nova delimitação do Semiárido brasileiro.
O mapa acima mostra a situação da cobertura vegetal na região, no período de 20 a 26 de junho. Destaca-se a intensificação da seca na região de Matopiba, fronteira agrícola que resulta da confluência de territórios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Atualmente, a região central do Semiárido brasileiro concentra as áreas mais secas da região. É o caso de grande parte da Bahia, extremo oeste de Pernambuco, além da área central e sul do Piauí. No sul do Maranhão e norte de Minas Gerais, há registro de estiagem moderada. Na porção norte e no leste do Nordeste, a vegetação está vigorosa, em razão das constantes chuvas.
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O conteúdo deste post foi aprofundado no Livro "Um século de secas", a obra mais completa sobre secas no Semiárido brasileiro, analisada a partir de mapas, indicadores e séries temporais baseadas em dados de satélites.
O mapa de NDVI é um dos indicadores que fazem parte de um catálogo de mapas de monitoramento, gerados semanalmente pelo Laboratório Lapis. A aplicação dos dados do satélite Meteosat-11 foi feita com uso do método “Mapa da Mina”, do Lapis.
Os mapas foram gerados no QGIS, o software livre de geoprocessamento número 1º no mundo. Para aprender a gerar esses produtos de satélites, inscreva-se no Curso online “Mapa da Mina”, que ensina a dominar o QGIS, do básico ao avançado.
*Atualizada em: 16.07.2022, às 10h06.
LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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