A situação climática de algumas regiões do Brasil continua crítica, em razão da estiagem, que segue afetando suas principais áreas produtoras de grãos.
A imagem acima destaca que um bloqueio atmosférico ainda está inibindo as chuvas, no Centro-Sul do País, devendo permanecer influenciando, nas próximas semanas. Por essa razão, modelos climáticos indicam um acumulado de chuvas baixo, nessas áreas, pelos próximos dez dias.
De fato, o mapa atualizado mostra que a umidade superficial do solo continua baixa (entre 10% e 25%), principalmente no Centro-Sul e no Nordeste brasileiro. O percentual de umidade do solo é um indicador, calculado com dados de satélites, que permite visualizar, em forma de mapa, as áreas que apresentam menor quantidade de água, retida na superfície do solo.
Uma umidade satisfatória no solo é essencial para o bom desenvolvimento das plantações. No atual cenário, a raiz das pastagens e lavouras recém-plantadas, ainda não consegue alcançar essa água mais profunda no solo.
Grandes áreas do Sudeste e Sul também enfrentam estiagem nos solos, principalmente São Paulo, norte de Minas Gerais e Paraná (áreas em vermelho escuro, no mapa abaixo). Quase todo o Centro-Oeste também enfrenta situação de estiagem.
No Nordeste, a Bahia, o Piauí e uma longa faixa, que vai de Sergipe até o Rio Grande do Norte, são as áreas mais afetadas pela seca nos solos.
Produtores rurais dessas áreas enfrentam dificuldades, com o prolongamento da estiagem e o risco de perdas, na produção agrícola. Além das incertezas quanto às condições climáticas, provocadas pelo atraso no plantio, os custos de produção também têm aumentado fortemente.
É que a maioria dos insumos é em dólar, moeda que se mantém num patamar muito alto. Quando o milho e a soja sobem, eles carregam junto uma série de outros produtos, principalmente da cadeia de proteína animal. Com isso, será inevitável um impacto na produção de carnes, suínos, aves, ovos e leite, como um efeito dominó.
O mapa acima mostra a atual umidade do solo, nas regiões brasileiras. Os dados foram processados pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), com dados do satélite europeu Soil Moisture and Ocean Salinity (SMOS) e uso do software QGIS. A imagem de satélite gerada é uma importante ferramenta agrometeorológica, para orientar a produção agrícola.
O monitoramento da umidade do solo, a partir de mapas, tem sido cada vez mais importante, para aumentar a eficiência e os rendimentos da produção agrícola.
Isso porque, ao conhecer a quantidade de água disponível no solo, produtores rurais ou consultores agrícolas podem tomar decisões mais acertadas, sobre o momento de irrigar, utilizando água e energia com mais eficiência.
Na região Sul, nos últimos meses, a severidade da seca foi agravada, em parte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, devido à persistência de chuvas abaixo da média. É o que mostra a análise divulgada pelo Laboratório Lapis, baseada em dados de satélites.
De acordo com o mapa do Índice de Precipitação Padronizado (SPI), elaborado com dados do satélite CHIRPS, houve aumento na extensão e na intensidade da seca meteorológica, no Sul brasileiro, desde o final de abril. As chuvas abaixo da média, nos últimos meses, ocasionaram o aumento da seca, no centro-sul do Rio Grande do Sul, que passou de intensidade grave para extrema.
Por outro lado, no centro-norte do Paraná, é possível identificar, comparando os mapas acima, que houve uma sensível melhora, com redução da severidade da estiagem, devido às chuvas um pouco acima da média, no mês de abril.
Existem quatro tipos de secas: meteorológica, agrícola, hidrológica e socioeconômica. A seca meteorológica está diretamente ligada ao déficit de precipitação, quando ocorrem chuvas abaixo do normal.
Os dados foram coletados em abril e são considerados altamente relevantes, em razão de ser o período de transição, entre a época chuvosa e a estiagem, no Centro-Sul do País.
Uma verdadeira transformação está em curso, com o uso das geotecnologias, na área agrícola. Todavia, muitos profissionais da área ainda não se adaptaram, para aproveitar esse potencial, no setor. Dados de satélites, aplicados à agrometeorologia, tornaram-se ferramentas essenciais, ao manejo das culturas agrícolas.
As análises realizadas neste post destacam o quanto imagens de satélites fornecem informações estratégicas, para consultorias agrícolas, em qualquer região do Brasil
O fato é que alguns consultores agrícolas, hoje bem-sucedidos, um dia decidiram dar um primeiro passo e utilizar geoprocessamento, para monitoramento agrícola. Eles entenderam que adquirir conhecimentos, técnica e habilidades, para dominar essa tecnologia, é um caminho seguro e de alavancagem dos seus resultados.
O uso de técnicas de sensoriamento remoto e de dados de satélites tem potencial disruptivo de transformação, no setor agrícola. Dominar essa tecnologia abre oportunidades, para que o profissional da agricultura, mapeie áreas agrícolas, de qualquer lugar do Brasil.
Essa habilidade permite oferecer soluções, para produtores rurais, e ampliar o portfólio de serviços, dos consultores agrícolas.
Mas para que esses profissionais elaborem produtos agrometeorológicos, ampliem seu portfólio de serviços e se tornem uma referência no setor agrícola, é necessário um método.
O Laboratório Lapis, há 14 anos, implantou uma infraestrutura de recepção de dados de satélites e desenvolveu uma metodologia, para profissionais da agricultura, elaborar seus próprios produtos agrometeorológicos, baseados em dados de satélites. Diariamente, esse conteúdo é divulgado gratuitamente, no canal do Laboratório no Telegram.
Nos últimos anos, tecnologias de sensoriamento remoto e suas aplicações ganharam destaque, por contribuírem efetivamente com a eficiência na produção agrícola. Essas inovações têm facilitado a tomada de decisão e o planejamento da produção agrícola.
A seguir, vamos destacar os 03 produtos agrometeorológicos, baseados em dados de satélites, que devem ser utilizados, por profissionais da agricultura. São eles:
1) Umidade do solo: imagens de satélite da estimativa local do teor de umidade do solo, elaboradas com dados do satélite SMOS, permitem estimar o momento mais adequado, para o início do plantio, além de possibilitar a avaliação do impacto da estiagem e do excesso de água no solo;
2) Mapa da cobertura vegetal: com dados do satélite europeu Meteosat-11, possibilita analisar o desenvolvimento das lavouras, atuação de pragas e o impacto da seca nas plantações;
3) Mapa da precipitação: com dados do satélite CHIRPS, é uma valiosa ferramenta agrometeorológica, que fornece dados da distribuição espacial e temporal das chuvas.
Além dessas ferramentas, o profissional da agricultura também pode elaborar mapas, baseados em dados de satélites, sobre temperatura da superfície da terra, albedo, evapotranspiração, entre outras ferramentas.
Neste post, explicamos como o índice padronizado da cobertura vegetal pode contribuir com sua consultoria agrícola, alavancado o rendimento da produção rural.
O produto de satélite, que estima a evapotranspiração (ET), é muito utilizado para o planejamento da irrigação das lavouras. Mas ainda existem muitas limitações para o produtor rural ou o profissional da agricultura estimarem essa variável, em campo.
O percentual de ET depende de vários fatores, tais como: umidade do solo, demanda atmosférica, volume de chuva na bacia hidrográfica e tipo de bioma. Para se utilizar o potencial desse produto, são necessárias imagens de alta resolução temporal, o que possibilita monitorar o balanço hídrico do agroecossistema, ao longo do tempo.
Isso acontece porque as imagens de baixa resolução não detalham, de forma suficiente, as diferentes formas de uso da terra, reduzindo a precisão espacial, da estimativa de evapotranspiração.
Já imagens de satélites com alta resolução, capacidades multiespectrais e elevada frequência temporal, tornam-se uma ferramenta poderosa, para obtenção da ET.
A imagem de satélite acima é um exemplo da estimativa do percentual de evapotranspiração, nas diferentes regiões brasileiras, em janeiro de 2011. O mapa foi elaborado pelo Laboratório Lapis, com uso do software QGIS.
Na obra "Um século de secas", a umidade do solo foi um dos índices de secas utilizados, para analisar a dimensão das maiores secas da história, do século XX até os dias atuais.
O Livro “Sistema Eumetcast” destaca o sistema de recepção, utilizado pelo Laboratório Lapis, para receber e processar dados de satélites, com aplicações na agricultura.
Agora, conta para a gente: você já utiliza imagens de satélites em sua consultoria agrícola? Qual seu maior desafio nessa área de monitoramento por satélites?
LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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