Uma mudança no padrão de chuvas no Brasil vista a partir de mapas



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O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) atualizou o mapa da situação da seca no Brasil, resultado do seu monitoramento semanal, feito a partir de satélites.

Neste post, vamos analisar, a partir de mapas, a recente mudança no padrão de precipitação, ocorrida no Brasil, bem como a previsão climática para os próximos meses. 

O mapa de precipitação (abaixo), referente ao último mês de dezembro, destacava uma característica típica da influência de um La Niña clássico, sobre o clima nas regiões brasileiras.

Mapas de precipitação processado no QGIS com dados do mês de janeiro. Fonte: Lapis.

Mapas de precipitação processado no QGIS para o mês de janeiro. Fonte: Lapis.

O mapa seguiu o mesmo padrão que predominou em todo o ano de 2021, qual seja: predomínio de seca no Centro-Sul, enquanto ocorriam mais chuvas da região central ao Norte e Nordeste do Brasil.

Recentemente, com o La Niña mais fraco, já se observou uma mudança no padrão de chuva, nas regiões brasileiras. A imagem de satélite mais recente, referente ao período de 11 a 20 de janeiro de 2022, destaca uma maior variabilidade nos volumes de chuva, por todo o Brasil.

Mas vale lembrar que embora mais fraco, o La Niña vai continuar influenciando o clima brasileiro. Isso ocorre em razão de a atmosfera ainda está respondendo a um padrão clássico desse fenômeno, apesar da tendência de aumento da temperatura do Pacífico tropical.

De acordo com o novo mapa de precipitação, divulgado pelo Lapis, as áreas afetadas por seca extrema, grave ou moderada estão concentradas no oeste do Brasil.

Já em áreas do Sudeste e do centro-sul do Nordeste, há registro de seca fraca. A porção norte do Nordeste continua se destacando com volumes significativos de chuvas, durante o período.

Os mapas de precipitação, utilizados neste post, foram processados pelo Laboratório Lapis, no software QGIS, com uso de dados CHIRPS.

Mapa da umidade do solo atualiza áreas mais secas do Brasil

Mapa da umidade do solo processado no QGIS. Fonte: Lapis.

Mapa da umidade do solo processado no QGIS. Fonte: Lapis.

Séries temporais de dados do satélite SMOS, na forma de mapas de visualização, permitem comparar a mudança na umidade do solo.

Como o satélite estima a umidade da camada superficial do solo, a variação no percentual de umidade pode ocorrer rapidamente, pois sempre vai seguir a mudança nos padrões de chuva.

O percentual de umidade do solo é um indicador usado para estimar o teor de água presente na primeira camada do solo, a uma profundidade de até 10 centímetros (cm).

Observe no mapa as duas áreas do Brasil, que atualmente enfrentam estresse hídrico, na camada superficial dos seus solos. As áreas mais atingidas por seca são o oeste do Sul brasileiro, Mato Grosso do Sul, Semiárido de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além do nordeste da Bahia.

Essa informação é crucial por regular processos como percolação para aquíferos, planejamento agrícola, geração de escoamento superficial e prevenção de inundações.

Em monitoramento de bacias hidrográficas, diante dos atuais desafios para se acessar locais mais remotos, os dados do satélite Soil Moisture Ocean Salinity (SMOS) facilitam o processo, sobretudo quando as medições em campo não são possíveis.

É claro que sempre recomendamos algum processo de validação do mapeamento com a “verdade terrestre”, por meio da coleta de dados in situ, com uso de equipamentos. O uso de modelos hidrológicos também pode contribuir, bem como a comparação com dados de precipitação e a análise da capacidade de cada tipo de solo de reter água da sua superfície.

A missão SMOS foi lançada em 2009, tendo como um dos objetivos estimar o teor de água presente na primeira camada do solo. Isso é feito através da medição de energia emitida pela superfície, na faixa de micro-ondas. Essa emissão é influenciada pela presença de água no solo, que altera suas propriedades dielétricas.

Chuvas devem voltar ao Centro-Sul em fevereiro

Previsão climática para fevereiro. Fonte: ECMWF. Elaboração: Lapis.

Previsão climática para fevereiro. Fonte: ECMWF. Elaboração: Lapis.

A previsão do Laboratório Lapis indica que o mês de fevereiro será de chuvas acima da média, no Centro-Sul brasileiro, com destaque para grande parte do Centro-Oeste, Sudeste e toda a região Sul. Essa previsão vai trazer alívio aos produtores rurais, que enfrentaram seca severa, durante o ano de 2021.

De acordo com o mapa, baseado no modelo climático ECMWF, a região Norte terá chuva em torno ou acima da média, mas o Nordeste terá chuva abaixo da média, ou seja, vai enfrentar períodos de veranicos. As áreas mais atingidas por estiagem serão principalmente a região de Matopiba e a porção norte do Nordeste.

Previsão climática para março. Fonte: ECMWF. Elaboração: Lapis.

Previsão climática para março. Fonte: ECMWF. Elaboração: Lapis.

Já a previsão para março, conforme o mapa acima, indica melhoria nas chuvas no Nordeste, que devem ficar em torno da média, com exceção do extremo norte do Nordeste. Ao contrário, no Centro-Sul, haverá estiagem fraca.

AO VIVO | Situação atual e tendências de chuva e temperatura nos próximos meses

Nesta quinta-feira, dia 27 de janeiro, às 19 horas, você terá acesso à uma análise detalhada das condições climáticas que serão decisivas para a agricultura brasileira, no próximo trimestre (fevereiro a abril). São informações que valem "ouro", que resultam da atualização do monitoramento do Laboratório LAPIS, e serão apresentadas AO VIVO.

Na ocasião, o prof. Humberto Barbosa, fundador do Laboratório LAPIS, vai analisar a situação atual e as tendências de chuva e temperatura, para as regiões brasileiras, no próximo trimestre (fevereiro a abril).

Por isso, clique no vídeo acima e defina o lembrete. Assim, você será avisado, quando a live for começar.

Mais informações

O Laboratório Lapis processa mapas diários ou semanais, baseados em dados de satélites, no software QGIS. Esses mapas são indicadores que permitem o monitoramento de variáveis ambientais e climáticas.

É o caso da seca, umidade do solo, índices de vegetação, albedo de superfície, evapotranspiração, temperatura da superfície, entre outros.

Se você quer aprender com o Laboratório Lapis a gerar mapas, processar e analisar imagens, no QGIS, desde o básico até o nível avançado, conheça o “O Mapa da Mina”. É o método de geoprocessamento do Lapis que ensina a usar o QGIS como uma “mina de ouro” para sua carreira, projeto ou negócio.

Inclusive, o Curso de QGIS online está com inscrições abertas. Assista a esta videoaula e saiba mais sobre o método.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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