Imagem do satélite GOES-16 mostra nuvens carregadas sobre o Nordeste. Fonte: Lapis.
Desde o último dia 24 de maio, chuvas fortes atingem todo o Nordeste, principalmente o Litoral. Municípios de alguns estados da região estão em alerta, como é o caso de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Moradores de áreas de risco são os mais afetados, muitos deles ficando desabrigados, em razão de alagamentos e deslizamentos de terra. Por conta das fortes chuvas que atingiram mais de 90 municípios, o estado de Alagoas decretou emergência, para atender as pessoas desabrigadas.
De acordo com Humberto Barbosa, meteorologista fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), as chuvas ocorrem em razão de um conjunto de fenômenos, chamados Perturbações Ondulatórias Africanas (POA).
São ventos de leste oriundos da África, que se associaram à convergência de umidade dos ventos alísios do Sudeste, à frente fria e ao efeito do aquecimento de ar diurno (atividade convectiva local).
A imagem abaixo, capturada pelo satélite meteorológico Meteosat-11, na manhã do último dia 25 de maio, mostra nuvens carregadas, concentradas em grande parte da costa leste do Nordeste brasileiro. A tendência é que os fenômenos ocorram até este sábado, dia 28 de maio, quando perderão força.
Imagem do Meteosat-11 mostra fenômenos atuando no Nordeste.
Esses sistemas meteorológicos favorecem o transporte de umidade do oceano para a faixa leste do Nordeste. A presença desses sistemas tem provocado pancadas de chuva e tempestades, principalmente nas regiões costeiras entre Sergipe e Rio Grande do Norte.
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Mapa mostra previsão de chuva para os próximos dias. Fonte: Lapis.
De acordo com o Lapis, estão previstas chuvas abaixo de 10 milímetros (mm), em praticamente todo o Nordeste brasileiro, para os próximos cinco dias. A exceção é no noroeste do Maranhão, onde os acumulados ficam próximos de 50 mm, e na costa leste da região, onde os volumes de chuva podem variar de 20 a 50 mm.
Para a região Norte, estão previstos maiores acumulados de chuva, principalmente em grande parte da porção norte da região, com acumulados que variam entre 20 e 70 mm.
Em áreas do leste do Amazonas, Amapá e extremo norte do Pará, os volumes de chuva podem superar os 100 mm. Nas demais áreas da região, como em Tocantins, Rondônia, Acre, sul do Amazonas e Pará, os acumulados de chuva previstos são inferiores a 10 mm.
No Sul do Brasil, os maiores acumulados previstos variam entre 20 e 60 mm, concentrando-se no Rio Grande do Sul e no sul de Santa Catarina. Essas chuvas podem superar os 80 mm, em áreas do norte e sudoeste do Rio Grande do Sul, em função da passagem de uma frente fria, a partir desta sexta-feira, 27 de maio.
No Paraná, estão previstos baixos acumulados de chuva, inferiores a 10 mm, principalmente no sul do estado.
Mapa destaca temperatura das águas do Atlântico.
A figura acima mostra a variação espacial da anomalia das temperaturas da superfície do Atlântico, com dados do dia 25 de maio. As áreas em tons azuis representam águas superficiais mais frias que a média histórica, dos últimos 30 anos (anomalia negativa), e as cores que variam do amarelo ao vermelho, indicam águas mais quentes que o normal (anomalia positiva).
No litoral norte-nordeste do Brasil, as temperaturas das águas do oceano Atlântico estão mais quentes que o normal. Já no litoral sul do Brasil, estão em condições mais frias, em relação à média histórica.
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Mapa processado no QGIS mostra seca no Brasil.
O mapa acima destaca a média dos volumes de chuva, no período de 11 a 20 de maio, nas regiões brasileiras. De forma geral, o Nordeste e algumas áreas do Norte receberam chuvas na média ou acima da média histórica.
Por outro lado, alguns estados tiveram registro de seca moderada, como é o caso do Mato Grosso, Goiás, leste do Sudeste e parte da região Sul.
O monitoramento do Laboratório Lapis classifica a seca de acordo com o nível considerado “normal” de precipitação, para determinada área, em relação à média histórica.
As categorias de classificação vão desde “seca fraca” até “seca excepcional”, dependendo do potencial do impacto meteorológico. Os dados de satélites são normalizados, a partir do cálculo do Índice de Precipitação Padronizado (SPI), no software QGIS.
O mapa da intensidade da seca foi processado e analisado a partir de dados de precipitação, oriundos do produto Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS). Os dados foram processados no QGIS, o software livre e de código aberto mais usado no mundo.
Esse é um dos mapas SIG gerados pelo Laboratório Lapis, para monitoramento semanal da seca no Brasil. O produto CHIRPS corresponde a um conjunto de dados de chuva, obtidos por satélites e pela coleta in situ, em estações meteorológicas, desde 1981 até o presente.
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LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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