O Atlântico exerce uma influência decisiva no clima das regiões brasileiras. A imagem acima mostra a variação da temperatura da superfície do mar (TSM), na região do Atlântico tropical, nos últimos 15 dias. Os dados são do dia 25 de abril.
As áreas em tons azuis representam águas superficiais mais frias que a média histórica, dos últimos 30 anos, enquanto as cores que variam de amarelo a vermelho indicam águas mais quentes que o normal.
No Atlântico tropical, as temperaturas se mantiveram mais quentes que o normal, em parte do Atlântico Norte. Essa condição tem favorecido a porção norte do Nordeste, que tem recebido mais chuvas, nas últimas semanas.
Já as águas mais frias que o normal, no Atlântico Sul, não têm sido favoráveis às chuvas, na costa leste da região do Nordeste brasileiro.
A imagem abaixo, atualizada com dados do último dia 28 de abril, destaca a anomalia da temperatura do oceano Atlântico, nos últimos 15 dias.
“Anomalia” é um termo usado na meteorologia para se referir ao desvio da temperatura, para mais ou para menos, em relação à média climatológica dos últimos 30 anos. O destaque são temperaturas mais quentes no Atlântico Norte.
O mapa mostra que o Dipolo do Atlântico não está favorável ao aumento da umidade e das chuvas, na costa leste do Nordeste brasileiro. O Dipolo favorável às chuvas no Nordeste acontece quando as temperaturas estão mais frias no Atlântico Norte e mais quentes no Atlântico Sul.
Porém, o cenário atual mostra justamente o contrário. Só a porção norte do Norte e do Nordeste, principalmente o Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte, estão beneficiadas por essa condição do Atlântico Norte mais quente.
A análise da situação do Atlântico está alinhada com a previsão do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), para os próximos 15 dias.
A previsão mostra que são justamente essas áreas da porção norte do Norte e Nordeste brasileiro as mais beneficiadas com chuvas.
O mapa da previsão também destaca mais chuvas no Sul brasileiro. Essa previsão condiz exatamente com a situação da temperatura das águas do Atlântico Sul, próximo ao Centro-Sul brasileiro.
As águas mais frias do Atlântico têm evitado a formação de tempo severo, naquela região, a exemplo de tempestades, frentes frias e ciclones tropicais.
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O mapa de monitoramento do Laboratório Lapis destaca a situação da intensidade da seca no Brasil, no mês de março. Durante o período, a seca extrema esteve concentrada no Sudeste, principalmente em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, além do sudoeste da Bahia e Goiás.
O mapa do Índice de Precipitação Padronizado (SPI), processado no software QGIS, apresenta uma média dos volumes de precipitação, ocorridos durante o mês, podendo ter havido variações na precipitação, ao longo do período.
O Laboratório Lapis também atualizou a imagem de satélite com dados do período de 11 a 20 de abril. O mapa mostra que ocorreram volumes de chuva significativos desde a área central até o sul do Nordeste, norte de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e oeste da Amazônia. A chuva acima da média é representada pelas cores azul e roxa do mapa.
Houve registro de seca extrema no Mato Grosso, Rondônia e Acre. Também houve seca, em uma classificação que vai de moderada a grave, no Rio Grande do Sul, leste de São Paulo, costa leste do Nordeste, Pará e Amapá. As áreas em branco indicam chuva em torno da média histórica.
O mapa foi elaborado com dados de precipitação, processados no software QGIS, o Sistema de Informação Geográfica (SIG) mais usado no mundo, a partir do SPI.
Esse é um dos mapas SIG gerados pelo Laboratório Lapis, para monitoramento semanal da seca no Brasil. O processamento e a análise da imagem de satélite, feitos no QGIS, utilizou um conjunto de dados de chuva, oriundos do produto Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS). São dados obtidos por satélites e pela coleta in situ, desde 1981 até o presente.
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O mapa da umidade do solo, atualizado pelo Laboratório Lapis, com dados do dia 25 de abril, mostra a expansão da seca nos solos, no Brasil central. A região afetada abrange todo o Sudeste, Centro-Oeste, Matopiba, sul da região Norte e grande parte do Sul.
Na última semana, um padrão climático mais seco continuou no Brasil central. Os dias mais secos nessas regiões agrícolas favoreceram a colheita do milho safrinha, beneficiando também a semeadura da segunda safra.
O site NovaCana divulgou que a colheita do milho da safra de verão 2021-2022 já atingiu 65% da área plantada no Brasil, com base em dados semanais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo a matéria da NovaCana, a Conab também confirmou que o plantio do milho de segunda safra foi concluído, no último dia 23 de abril, alcançando toda a área estimada no País.
Além da aproximação do inverno, esse período mais seco se deve às temperaturas das águas do Atlântico Sul, próximo ao Centro-Sul do Brasil, que estão mais frias que o normal. A baixa umidade tem evitado condição de tempo severo, naquela região.
As próximas semanas serão críticas para a safra do milho safrinha, pois o relógio avança rapidamente, para o início da estação seca. Infelizmente, sob condições de La Niña, a seca pode chegar algumas semanas antes, encurtando a janela para a chegada da umidade.
Os solos precisam estar bem carregados para a estação seca, para sustentar a safra do milho safrinha até a colheita. Este ano, o principal risco agrícola está no Brasil central, onde a umidade do solo pode não ser suficiente para suportar a safra, durante a estação seca.
Esse mapa da umidade do solo, baseado em dados de satélites, foi processado no software QGIS, pelo Laboratório Lapis.
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O Laboratório Lapis está com inscrições abertas para o seu treinamento online em geoprocessamento no QGIS. O Curso “Mapa da Mina” ensina a gerar mapas, processar e analisar imagens de satélite, dominando definitivamente o QGIS.
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LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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