O Brasil enfrenta hoje a segunda seca mais intensa, desde 2002. O fenômeno afeta 85% da área do País e essa tendência pode piorar, nos próximos meses.
Segundo o geoprocessador Humberto Barbosa, fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), a atual situação extrema é parecida com o que ocorreu no período 2012-2013.
Em 2014, a crise hídrica, provocada pela seca extrema no Sudeste brasileiro, ameaçou de colapso o abastecimento de água de São Paulo, a maior metrópole do País.
Naquela ocasião, foi necessário utilizar o volume morto do Sistema Cantareira, considerado um dos maiores complexos de abastecimento de água do mundo, que supre a demanda de quase 9 milhões de brasileiros.
Por isso, é necessário ficar atento às atuais previsões climáticas. No atual cenário, torna-se cada vez mais essencial, ao consultor de geoprocessamento, utilizar as ferramentas corretas, em suas consultorias.
No vídeo acima, o geoprocessador Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, ensina quais são os 5 tipos de mapas, que o consultor de geoprocessamento deve utilizar, para reduzir o risco climático nas lavouras. Todos os mapas apresentados foram elaborados pelo Laboratório Lapis, com uso do software QGIS.
E agora vamos explicar quais são os 5 mapas essenciais, para o monitoramento da seca agrícola.
A primeira e mais importante ferramenta, que o consultor de geoprocessamento deve utilizar, é o mapa da umidade do solo. A imagem de satélite acima, da umidade do solo, foi processada pelo Laboratório Lapis, com dados do satélite SMOS.
Como você pode observar, o atual mapa semanal da umidade do solo mostra, quase todo o Brasil, com solos extremamente secos.
Isso ocorre porque na região Sudeste, norte da região Sul, bem como no sul das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, a estação chuvosa só começa em meados de setembro e vai até o fim de março.
Este ano, de janeiro a maio de 2021, os municípios do Sudeste receberam 400 milímetros de chuva a menos do que a média histórica.
>> Leia também: O que esperar da previsão de chuva para junho nas áreas agrícolas?
Esse segundo mapa mostra o impressionante número de dias sem chuva, no último mês de maio, baseado em dados CHIRPS, ou seja, em dados de precipitação obtidos a partir de satélites.
Observe que toda a área central do Brasil foi afetada pela seca, de forma mais intensa na área central e sul do Nordeste, bem como em toda a região Sudeste e Centro-Oeste.
O meteorologista Humberto Barbosa explica que uma das causas para a falta de chuvas foi um intenso La Niña, ocorrido este ano. O La Niña é caracterizado por temperaturas mais frias do que o normal na superfície do oceano Pacífico central e oriental.
A presença do La Niña foi reconhecida em setembro de 2020, tendo durado até abril de 2021. O La Niña normalmente traz condições mais úmidas para o norte da Amazônia e um clima mais seco na área mais ao sul do Brasil.
Em função das atuais condições climáticas, de neutralidade do fenômeno La Niña ou El Niño, é possível que, a partir de novembro, as condições climáticas sejam mais favoráveis às chuvas.
>> Leia também:
O terceiro mapa que indicamos é o mapa da severidade da seca, baseado em dados CHIRPS e no cálculo estatístico do Índice de Precipitação Padronizado (SPI).
Essa imagem de satélite permite observar os níveis de intensidade da seca, em determinada área e período. Por exemplo, no mapa acima, é possível observar que o Mato Grosso do Sul terminou o mês de maio em uma situação extrema, de seca excepcional.
>> Leia também: O fator climático crítico que atinge áreas produtoras de grãos no Brasil
O quarto mapa é o mapa semanal da precipitação. Com essa ferramenta, é possível monitorar os volumes de precipitação, em cada área, na última semana, a partir de dados de satélites.
O mapa acima mostra que as condições de seca têm afetado particularmente a região da bacia do rio Paraná, que concentra importantes usinas hidrelétricas, como Jupiá, Ilha Solteira, Porto Primavera e Itaipu.
Os impactos econômicos da seca, contudo, vão muito além da energia elétrica. A lista é longa: milho, açúcar, café, trigo, laranja, carne, ovo, leite e até combustíveis. Por exemplo, a primeira safra de milho sofreu baixo rendimento e a chegada tardia das chuvas, da segunda safra, atrasou novos plantios de milho.
A seca prejudica drasticamente o setor agrícola. Além de reduzir a produtividade, aumenta o preço dos recursos, como água, energia elétrica e ainda aumenta o risco de incêndios.
>> Leia também: Os 3 mapas que todo profissional da agricultura deve utilizar
O quinto mapa é o da cobertura vegetal do Brasil. Ele é um indicador dos impactos da seca sobre a vegetação, baseado no cálculo do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), com dados do satélite Meteosat-11.
Se os solos enfrentam situação de estresse hídrica, em poucos dias, a resposta da seca impacta a saúde da vegetação. Isso pode ser visto na imagem de satélite acima, de acordo com as áreas vermelhas (seca intensa) ou amareladas (seca moderada).
Por exemplo, o mapa acima mostra a condição da cobertura vegetal do Brasil, em meados de maio. Até ali, da região Nordeste até a região Sul, havia registro de seca moderada sobre a vegetação.
>> Leia também: Os 15 fatos que você precisa saber sobre uso de NDVI na agricultura
O risco de seca é cada vez mais presente e esses são os mapas essenciais que, na opinião técnica do geoprocessador Humberto Barbosa, o profissional de geoprocessamento deve utilizar, para monitorar com propriedade o risco de seca agrícola.
Com uso dessas ferramentas agrometeorológicas, é possível aumentar a produtividade das lavouras e reduzir despesas, a cada safra. Tudo isso graças à contribuição do geoprocessador, que utiliza as ferramentas corretas, em sua consultoria, para orientar a tomada de decisão do produtor rural.
E você, já utiliza esses mapas em sua consultoria? Sabe utilizar o QGIS para calcular os indicadores mostrados neste post?
LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
Copyright © 2017-2024 Letras Ambientais | Todos os direitos reservados | Política de privacidade