Neste post, vamos atualizar a atual condição de monitoramento do oceano Pacífico e sua influência sobre o clima, nas regiões brasileiras. O objetivo é colaborar com profissionais interessados em geoprocessamento, que utilizam imagens de satélites, para consultorias agrometeorológicas.
No último dia 10 de junho, a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), que monitora a temperatura dos oceanos, divulgou boletim sobre a atual situação do Pacífico. De acordo com os especialistas, as atuais condições de neutralidade do Pacífico devem permanecer até o início de setembro.
E o que isso quer dizer? Isso quer dizer que, até o início da primavera, o oceano Pacífico continua sem a presença de um La Niña ou El Niño. Dessa forma, até lá, esses fenômenos não serão fatores de influência sobre o clima, nas regiões brasileiras.
O inverno será marcado por neutralidade climática, com um ligeiro aquecimento das águas do oceano Pacífico. Com isso, a transição do inverno para a primavera será de normalidade climática.
E para o final do ano, qual cenário climático está previsto?
De acordo com especialistas da NOAA, para o período de novembro de 2021 até janeiro de 2022, continua presente a possibilidade de retorno do La Niña, que deverá ser tardio e de fraca intensidade.
Essa análise foi baseada em cenários observados nos anos de 2008 e 2011, quando houve eventos intensos de La Niña, que retornaram, de forma mais branda, no final de cada ano.
A condição atual é de neutralidade climática. Porém, há áreas do Pacífico equatorial mais frias do que o normal, para esta época do ano, em relação à média histórica.
Apesar de a NOAA indicar chance maior de retorno do La Niña, por causa do resfriamento das águas, nas regiões central e oeste do Pacífico, a parte leste daquele Oceano, que banha a América do Sul, ainda se mantém com temperaturas abaixo da média. Por isso, as chuvas serão irregulares, quando chegarem.
Outras agências climáticas do Japão, Austrália, Brasil e do próprio Estados Unidos apresentaram probabilidades diferentes do centro norte-americano, em relação ao retorno do La Niña.
Com a manutenção da neutralidade climática no Pacífico, sem um fator preponderante de La Niña ou El Niño, nos próximos meses, a previsão é de que haverá muita variabilidade climática, nas regiões brasileiras, produtoras de grãos. Com isso, o oceano Atlântico e Índico serão importantes para definir, como serão as chuvas no Centro-Sul, no próximo verão.
Como divulgamos ontem neste post, a partir de setembro, algumas culturas necessitam de chuvas intensas, para se recuperar do longo período seco, registrado nos últimos meses.
É o caso da cana-de-açúcar. Os canaviais chegam ao período úmido, com pouca tolerância à estiagem. Se as chuvas forem regulares, a partir de setembro, é possível que a cana se recupere, em razão de ser um tipo de planta mais resistente.
Assista ao vídeo abaixo e veja a análise da atual radiografia de seca no Brasil, com base em agrometeorologia, por meio de imagens de satélites e geoprocessamento.
Durante o inverno, que começa no próximo dia 21, apesar da melhoria nas chuvas agora em junho, os meses de julho e agosto serão de chuvas abaixo da média, no Centro-Sul, sobretudo no Sul brasileiro. Essa previsão é baseada nas atuais projeções dos modelos climáticos, baseada nas temperaturas dos oceanos.
Vale lembrar que mesmo com essas chuvas de junho, os impactos da estiagem, na segunda safra do milho safrinha, não serão revertidos. Mas as precipitações deste mês podem ajudar as lavouras de cana-de-açúcar, principalmente no Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
Para a agricultura, embora haja previsão de chuvas abaixo da média, não se repetirá a estiagem observada, no mesmo período do ano passado. Por isso, apesar da decepção dos produtores, com a segunda safra do milho, a partir de setembro, o clima pode ajudar no desenvolvimento das culturas de inverno.
O meteorologista Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), apresenta uma previsão climática animadora, para a partir de setembro, quando terá início a estação chuvosa, no Centro-Sul. Mais detalhes da previsão climática do Laboratório Lapis, foram divulgados neste post.
As atuais condições da umidade do solo, no Centro-Sul do Brasil, onde houve intensa seca, causada pelo La Niña, ainda são críticas, registram déficit hídrico e demoram a se restabelecer. Embora, de forma geral, estão bem melhores para a agricultura, se comparadas ao mesmo período do ano passado.
Mapa da Umidade do Solo, elaborado no QGIS. Fonte: Lapis.
O mapa acima, elaborado no software QGIS, mostra a atual condição da umidade do solo, em todo o Brasil. A imagem foi processada pelo Laboratório Lapis, com uso de dados do satélite SMOS.
Para os próximos meses de julho e agosto, que normalmente são secos, as chuvas deverão ser abaixo da média, na área sul, do Centro-Sul. Para o Nordeste, a expectativa é de chuvas em torno da normalidade. Já na região Norte, são esperadas chuvas na média a acima da média.
Alguns modelos de previsão climática indicam chuvas acima do normal, nos canaviais do leste do Nordeste brasileiro, especialmente entre Sergipe e Alagoas, o que sugere produção de mais etanol e menos açúcar.
LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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