O La Niña deve atuar durante o período de novembro de 2021 a janeiro de 2022. Há probabilidade de cerca de 83% de chance de permanência do fenômeno, durante esses meses. Neste post anterior, já havíamos divulgado a volta do La Niña, em meados do último mês de outubro.
A atualização mais recente indica que o La Niña vai durar por mais tempo que o previsto, devendo persistir até o outono de 2022. A previsão é do Centro de Previsão do Clima dos Estados Unidos (NOAA), responsável pelo monitoramento do fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENSO).
De acordo com a NOAA, há 50% de chance de manutenção do fenômeno no outono, ou seja, a probabilidade é bem inferior de acontecer um El Niño ou situação de neutralidade.
A previsão climática para o mês de novembro, de acordo com o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), indica situação de chuva abaixo da média (veranicos) no Sul do Brasil. Mesmo assim, podem ocorrer chuvas intensas nessas áreas, inclusive com granizo, ou mesmo eventuais formações de ciclones extratropicais.
As regiões Norte, Nordeste e a área central do Brasil, que abrange desde o norte do Sudeste e do Centro-Oeste, terão chuvas acima da média. Já a área central do Brasil, mais ao sul, que abrange Mato Grosso do Sul e São Paulo, terá chuvas em torno da média, durante o mês.
À medida que o verão se aproxima, o Sol aquece o território brasileiro mais rápido do que o oceano circundante. Com o aumento da umidade, as condições tornam-se cada vez mais propícias ao desenvolvimento de nuvens profundas e tempestades.
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Além da influência do La Niña, há um fator adicional que vai intensificar a chuva, em algumas regiões brasileiras, principalmente nas primeiras semanas de novembro. É uma onda de nuvens profundas, conhecida como Oscilação Madden-Julian (MJO).
Essa onda atmosférica move-se em direção ao leste e organiza nuvens profundas, nos trópicos. Costuma estar associada a chuvas generalizadas, que passam pelo norte do Brasil, nas primeiras semanas de novembro. O fenômeno MJO permanece por um período de 30 a 60 dias, e é monitorado diariamente pelo Laboratório Lapis.
O movimento horizontal do ar pode ser representado pelo Potencial de Velocidade (VP), na região tropical. Esse é um indicador do fluxo divergente, em grande escala, nos níveis superiores da atmosfera, sobre a região tropical.
Observe, na imagem acima, que na primeira e segunda semana de novembro, o fenômeno MJO vai intensificar as chuvas, desde a área central até o norte do Brasil. As cores azuis correspondem ao desenvolvimento da fase úmida (sinal negativo), enquanto as cores vermelhas representam, geralmente, a fase seca (sinal positivo).
Pelas características de estiagem no Sul e as chuvas acima da média, da área central ao norte do Brasil, confirma-se a previsão inicial do Laboratório Lapis de um fenômeno clássico de La Niña.
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O mapa da intensidade da seca no Brasil, referente ao período de 21 a 31 de outubro de 2021, mostra que a maior parte do Nordeste e Norte tiveram chuvas acima da média histórica. No Sudeste, Paraná e Goiás, ocorreram chuvas normais.
Todavia, áreas do Centro-Oeste (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), bem como estados do Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul) registraram estiagem, durante o período. A estiagem também afetou o oeste da Amazônia, sobretudo Rondônia, Acre e o oeste do Amazonas.
O mapa foi elaborado com dados de precipitação, oriundos do Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS). Os dados foram processados no software QGIS, o Sistema de Informação Geográfica (SIG) mais usado no Brasil e no mundo, a partir do cálculo do Índice de Precipitação Padronizado (SPI).
O CHIRPS é um conjunto de dados de chuva, obtidos por satélites e pela coleta in situ em estações meteorológicas, desde 1981 até o presente. Trata-se de um sistema de estimativa de precipitação infravermelha, que permite a criação de séries temporais de chuva, para análise de tendência e monitoramento de seca sazonal.
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O SPI é um dos indicadores que o Laboratório Lapis ensina a processar, em seu Curso de QGIS online. Além do SPI, também são calculados índices de vegetação, umidade do solo, temperatura da superfície, albedo de superfície, evapotranspiração potencial e de referência, dentre outros.
O Curso é um treinamento prático, que utiliza dados de alta resolução espacial, para gerar mapas, processar e analisar imagens no QGIS. Abrange desde o nível básico até o avançado. Para conhecer o método de geoprocessamento do Laboratório Lapis ensinado no Curso, assista a este vídeo.
*Post atualizado em: 18.11.2021, às 10h07.
LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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