De acordo com o monitoramento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), a massa de ar seco continua a provocar seca em grande parte do Brasil. Você pode observar no mapa semanal da precipitação, baseado em dados de satélites, como foi a distribuição das chuvas no período de 01 a 05 de julho.
A estiagem ainda predomina em toda a área central do Brasil, em quase todo o Brasil, incluindo grande parte do Nordeste e da Amazônia. Por outro lado, o oeste da Amazônia continua a receber chuvas frequentes.
No último mês de junho, o El Niño foi embora. Como você pode observar no gráfico abaixo, o Pacífico se encontra atualmente em situação de neutralidade, ou seja, sem El Niño e sem La Niña.
O mapa da precipitação faz parte do portfólio de produtos de monitoramento por satélite, do Laboratório Lapis. Com essa ferramenta, é possível se manter atualizado sobre a distribuição das chuvas, em qualquer área do território brasileiro, com frequência mensal ou semanal.
O mapa foi gerado no software livre QGIS, a partir do cálculo do Índice de Precipitação Padronizado (SPI). Esse índice de seca permite analisar a duração, frequência e gravidade das secas meteorológicas, usando dados do Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS).
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O atual mapeamento da umidade do solo, feito pelo Laboratório Lapis, usando dados de satélite do dia 13 de julho, mostra novamente situação de seca crítica na Amazônia brasileira.
De acordo com estudos do Laboratório Lapis, o mapa da umidade do solo é o produto de satélite mais indicado para se estimar a situação de secas-relâmpago. Ele permite estimar a quantidade de água da superfície do solo, a uma profundidade de até 40 cm, a partir de dados de satélites.
Você pode comparar com o mapa desse mesmo período do ano passado. Observe como o Sul do Brasil registra atualmente um aumento na umidade do solo. O termo “anomalia” se refere ao percentual de umidade do solo observado atualmente, em comparação com a média histórica.
As águas quentes do Atlântico Norte intensificam ainda mais a intensidade das tempestades tropicais. Essas ondas de calor marinho se tornaram mais frequentes e intensas, nos últimos anos. Este ano, estão mais persistentes e espalhadas por grandes áreas. Isso deve causar ainda mais secas-relâmpagos, com a consequente redução das chuvas na Amazônia.
"Seca-relâmpago" (do inglês, flash drought) é um extremo climático de curta duração e forte intensidade, geralmente associado a altas temperaturas. Trata-se de uma nova tipologia de seca, decorrente da mudança climática, que causa grandes impactos ambientais e prejuízos econômicos. Os primeiros estudos sobre o problema no Brasil e na América Latina também foram publicados pelo Laboratório Lapis, desde o ano passado.
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Pelo menos nos últimos três meses, secas-relâmpago atingiram drasticamente o Centro-Sul. Isso causou vários impactos econômicos e ambientais, como o aumento dos incêndios no Pantanal. Os prejuízos também são severos para a agricultura, principalmente na fase do plantio. Esses eventos extremos ficaram mais evidentes com a mudança climática.
De acordo com o mapeamento atualizado do Laboratório Lapis, grande parte da Amazônia brasileira, Centro-Oeste, Sudeste e Sul continua sob impacto das secas-relâmpago (Veja no mapa acima, as cores laranja e vermelho).
As secas-relâmpago são períodos de ausência ou redução abrupta das chuvas, levando ao início de uma seca repentina, acompanhadas por altas temperaturas. Uma seca-relâmpago faz com que as lavouras sejam perdidas de forma muito mais rápida do que durante às longas secas convencionais, quando o processo era mais lento e gradativo.
A seca severa de 2012 no Nordeste começou como uma seca-relâmpago, que logo se tornou um evento climático extremo, após uma onda de calor. As secas-relâmpago no Semiárido brasileiro podem ocorrer, eventualmente, em qualquer período do ano. Recentemente, no verão de 2023-2024, a região amazônica também enfrentou secas-relâmpago, recebendo apenas uma fração da sua precipitação normal.
É muito mais difícil prever secas-relâmpago usando modelos climáticos globais, em razão da instabilidade do clima e das limitações dos dados/ferramentas atuais. Por isso, o Laboratório Lapis já usa Inteligência Artificial (IA) para estimar esses eventos extremos de curta duração.
Em um novo estudo publicado no periódico Atmosphere, o Laboratório Lapis deu passos largos no desenvolvimento de tecnologias para detecção das secas-relâmpago no Brasil. A combinação de Inteligência Artificial e sensoriamento remoto mostra resultados promissores nesse sentido.
As ferramentas de IA identificam padrões com grandes quantidades de dados. São úteis para previsão de curto-curtíssimo prazo (nowcasting), prevendo fenômenos com antecedência de alguns minutos a até 4 poucas horas. Usam-se dados de satélites, radares e medidas meteorológicas locais (radiossondagens).
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"Seca-relâmpago" (do inglês, flash drought) é um extremo climático de curta duração e forte intensidade, geralmente associado a altas temperaturas. Trata-se de uma nova tipologia de seca, decorrente da mudança climática, que causa grandes impactos ambientais e prejuízos econômicos. Os primeiros estudos sobre o problema no Brasil e na América Latina também foram publicados pelo Laboratório Lapis, desde o ano passado.
As altas temperaturas, durante uma seca-relâmpago, aumentam tanto a evaporação da água do solo quanto a transpiração das plantas (evapotranspiração). Isso faz com que a umidade do solo caia rapidamente.
As secas-relâmpago ocorrem em um intervalo específico (dias, semanas ou mês), provocando danos concretos e visíveis imediatos (desastre intensivo). É diferente dos impactos de uma longa seca convencional, que se desenvolve lenta e silenciosamente, sem apresentar impactos visíveis e estruturais a curto prazo (desastre extensivo).
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O Laboratório Lapis monitora semanalmente a situação da cobertura vegetal nas regiões brasileiras, a partir de dados de satélites. O mapa atualizado foi gerado no software livre QGIS, a partir do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), com dados do período de 01 a 07 de julho deste ano.
De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis e responsável pelo mapeamento, chama-se atenção no mapa para a vegetação seca na região do Médio e Alto São Francisco, uma área que normalmente não era tão seca.
“Em nossas pesquisas, constatamos um maior risco de secas nas regiões do Médio e Alto São Francisco nas últimas décadas, o que antes era mais comum se concentrar no Baixo São Francisco”, explica Humberto.
Você pode observar que a vegetação da área central do Brasil e de Matopiba (sul e oeste do Nordeste) ficou mais seca (Veja mapa acima). Desde o mês de abril, uma massa de ar seco persistente atinge essa área.
Já no Rio Grande do Sul, é possível detectar os estragos das enchentes sobre a cobertura vegetal. As áreas em vermelho na Amazônia se referem à ausência de dados, em função da cobertura de nuvens durante toda a semana.
O mapa foi processado com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km. O NDVI é um dos indicadores mais importantes para monitoramento das áreas com vegetação saudável ou sob impactos da seca.
Em 2009, o Laboratório implantou um protótipo para gerar o mapa de NDVI de frequência diária, para todo o Brasil. Esse modelo foi aperfeiçoado e calibrado, de modo que hoje, são divulgados mapas semanais cobrindo todo o território brasileiro. O produto foi processado com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km.
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O Laboratório Lapis também lançou um novo mapeamento atualizado da cobertura vegetal no Semiárido brasileiro. O mapa semanal gerado no software livre QGIS, com dados do período de 01 a 07 de julho, permite identificar as áreas com cobertura vegetal saudável ou sob influência da estiagem.
O mapeamento permite identificar as áreas com cobertura vegetal saudável ou sob influência da estiagem. Na porção norte do Nordeste brasileiro, a maior parte da vegetação continua verde, em razão das chuvas frequentes deste ano. O reverdecimento permite detectar as áreas degradadas (vermelho muito intenso, no mapa). Já da área central até o sul da região, a seca já tem impactado a cobertura vegetal, desde o mês de abril.
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LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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