Neste post, vamos analisar a atual situação do El Niño e a previsão para a chegada do La Niña. Com base em informações obtidas junto ao Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), apresentamos a previsão climática para as regiões brasileiras, durante o inverno e no próximo verão.
No último mês de junho, o El Niño desapareceu do Pacífico tropical, dando lugar a uma situação de neutralidade (sem El Niño e sem La Niña). A chegada do La Niña, inicialmente prevista para agosto, não vai ocorrer, pois o fenômeno atrasou. Possivelmente, chegará fraco a partir de novembro (chance de 80%, segundo a NOAA).
De acordo com a previsão do Laboratório Lapis, é possível que o La Niña não venha este ano e a neutralidade permaneça até o verão de 2025. As informações atualizadas estão neste post.
O El Niño enfraqueceu significativamente no último mês de abril. Mesmo assim, sua influência ainda se prolongou na atmosfera, com impactos em algumas regiões do mundo. As inundações históricas no Rio Grande do Sul, no período de 29 de abril a 05 de maio, podem fazer parte dos efeitos persistentes do El Niño.
No ano passado, uma seca intensa atingiu a Amazônia brasileira, principalmente em razão do El Niño. Desde o começo de abril até agora, uma massa de ar seco predomina sobre grande parte do Brasil, trazendo uma seca atípica para as regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Atualmente, o El Niño já se encontra em seu limite, com temperatura da superfície do Pacífico tropical em 0,5 oC acima do normal. O fenômeno é um sistema acoplado, ou seja, possui tanto características oceânicas (águas superficiais mais quentes que o normal) quanto atmosféricas (chuvas e nuvens sobre o Pacífico tropical e ventos alísios).
Neste mês de maio, já é difícil detectar indicadores do El Niño na atmosfera, o que indica uma transição em breve para condições de neutralidade, no oceano Pacífico. Essa transição ocorre quando o Pacífico está sem El Niño e sem La Niña, ou seja, os indicadores oceânicos e atmosféricos encontram-se em seu padrão normal.
Mesmo que a temperatura da superfície do Pacífico tropical continue no limiar do El Niño, por mais algumas semanas, é improvável que haja impactos importantes do El Niño no clima global, no próximo inverno.
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O La Niña está previsto para o inverno deste ano e deve durar até o verão de 2025. De acordo com o gráfico acima, há chance de cerca de 70% de que o La Niña se desenvolva entre julho e setembro, mas há possibilidade de quase 50% de que apareça no período de junho a agosto.
O fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS) tem sua fase quente (El Niño) e sua fase fria (La Niña). Esses sistemas alteram os padrões de chuva e temperatura em todo o mundo, provocando secas severas ou grandes inundações em várias regiões.
O gráfico de previsão do CPC/NOAA mostra a probabilidade sazonal da anomalia da temperatura do Pacífico tropical. Você pode ver a previsão do rápido fim do El Niño e o surgimento do La Niña, no próximo inverno. Um evento dessa magnitude é forte o suficiente para ter uma resposta atmosférica significativa durante o verão 2024-2025.
Pelos atuais indicadores da atmosfera, é provável que logo o Pacífico fique em condições de neutralidade, dando lugar a um rápido período de transição para o La Niña. Conforme explicamos neste post, com o fim do El Niño, é provável que o período de neutralidade seja rápido, prevendo-se que o La Niña volte no inverno.
A temperatura do oceano Pacífico tropical impacta na atmosfera e nos padrões climáticos globais. Desde junho de 2023, essa região oceânica permaneceu em sua fase quente, com a presença de um El Niño forte, que ainda persiste no atual mês de maio.
Mas a previsão indica um forte padrão atmosférico de La Niña, no final do inverno, no Hemisfério Sul. É a rápida resposta da atmosfera, que logo vai se acoplar à fase fria emergente do oceano Pacífico. Provavelmente, a partir de agosto, o La Niña já estará presente.
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O período de junho a agosto (inverno) será de transição do El Niño para o La Niña, criando algumas condições climáticas incomuns. De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, do Laboratório Lapis, com o fim do El Niño e a rápida transição para o La Niña, o inverno tende a ser com seca e altas temperaturas no Centro-Sul do Brasil.
A tendência da previsão é de chuvas abaixo da média em áreas do Centro-Sul, principalmente na região Sul e no Centro-Oeste. A previsão indica altas temperaturas em quase todo o Brasil, impulsionando o aumento dos incêndios florestais e o baixo nível das bacias hidrográficas.
Para compreender o que tal mudança significa para a atmosfera, analisamos como historicamente esses períodos de transição impactaram o clima. Buscamos encontrar, nos eventos passados, um padrão climático comum que resultou dessas mudanças.
Com base nos dados, identificamos vários anos que tiveram uma transição semelhante de um El Niño de verão para um La Niña de inverno. Em seguida, comparamos esses dados com a previsão da pressão superficial dos oceanos, no período de junho a agosto.
A imagem acima mostra a pressão superficial durante alguns invernos que antecedem o La Niña. Você pode ver que uma anomalia de alta pressão na superfície é a assinatura usual do La Niña, durante temporadas de inverno, no oceano Pacífico. Isso significa que durante o inverno, pelo menos a atmosfera tropical já estará no novo ciclo de La Niña.
Cada fase do ENOS tem impacto diferente nos padrões de pressão e no clima, em todo o mundo. Os períodos de transição de uma fase para outra são dinâmicos e exercem influência climática específica.
Você pode observar no mapa acima a previsão da anomalia da pressão superficial, com todos os padrões semelhantes, no Pacífico tropical. A anomalia de alta pressão surge nos trópicos do Pacífico oriental, indicando o desenvolvimento do La Niña. Isso reforça a previsão de um inverno com a atmosfera tropical já sob a influência desse fenômeno.
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A imagem acima mostra a previsão mais recente da temperatura do Pacífico tropical, para o período de julho a setembro. Você pode observar, no destaque em azul, áreas mais frias do que a média surgindo e se espalhando pela superfície do Oceano.
Atualmente, o Pacífico central está em processo de mudança para o La Niña. Porém, ainda vai levar alguns meses para a atmosfera responder ao processo de resfriamento do Oceano.
Por isso, o inverno de 2024 estará no meio do período da transição da fase quente do ENOS (El Niño) para a fase fria (La Niña). Provavelmente, algumas condições climáticas incomuns são esperadas.
A imagem abaixo mostra a linha do tempo das anomalias de temperatura do Pacífico central, na região onde se configura o El Niño. O termo “anomalia” indica o desvio da temperatura oceânica em determinado momento, em relação à média histórica dos últimos trinta anos. Uma anomalia significa que a temperatura se desviou para mais ou para menos, em relação a esse padrão médio considerado normal.
Você pode observar no gráfico acima que as anomalias de pico de calor foram registradas em dezembro de 2023, quando o El Niño atingiu seu pico. Mas uma rápida queda nas temperaturas do Pacífico começou no início deste ano, prevendo-se que toda a superfície da região se resfrie, durante o inverno.
No gráfico, você pode verificar, nas linhas cinza, a temperatura da superfície do mar na região do El Niño, destacando os eventos fortes do El Niño, desde 1950. A maioria terminou em uma fase neutra ou em um La Niña (de moderado a forte), no inverno seguinte. O El Niño atual está representado na linha roxa e já está em processo de colapso.
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LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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