Este post apresenta mais uma atualização da situação climática das regiões brasileiras, a partir de mapas, com informações obtidas junto ao Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).
Os mapas e as imagens utilizadas neste post fazem parte do portfólio de produtos de monitoramento semanal por satélite do Laboratório. Com essas ferramentas, é possível se manter atualizado sobre variáveis como distribuição da chuva, cobertura vegetal, umidade do solo, intensidade da seca, El Niño e situação climática atual, em qualquer área do território brasileiro.
O período de junho a agosto (inverno) será de uma rápida transição do El Niño para o La Niña, criando algumas anomalias incomuns. Com o rápido declínio do El Niño e o tempo mais longo para a atmosfera responder a essas mudanças oceânicas, o inverno no Brasil tende a ser mais quente.
De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, a tendência da previsão é de chuvas abaixo da média em áreas do Centro-Sul, principalmente na região Sul. Em geral, aquela região já é mais seca nesse período de junho a agosto. Mas a tendência é de altas temperaturas em quase todo o Brasil.
Nessa condição, temos que perguntar: como eram esses períodos de transição no passado? O Laboratório Lapis analisou dados de vários anos que tiveram uma transição semelhante de um El Niño de inverno para um La Niña de verão.
A imagem acima mostra o resultado para o período 1980-2022. Para compreender o que tal mudança significa para a atmosfera, uma imagem que mostra a pressão superficial durante alguns invernos (junho a agosto) anteriores de La Niña. Você pode ver na imagem que uma anomalia de alta pressão na superfície é a assinatura usual do La Niña, durante temporadas de inverno, no oceano Pacífico.
Olhando para a previsão real da anomalia da pressão superficial, podemos ver todos os padrões semelhantes no Pacífico tropical. Anomalia de alta pressão está surgindo nos trópicos do Pacífico oriental, indicando um crescente La Niña. Ou seja: tudo indica que no inverno, pelo menos a atmosfera tropical já estará sob La Niña.
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O Laboratório Lapis é a instituição que divulga mapeamentos baseados em dados de satélites com maior frequência temporal no Brasil. Com dados de satélite atualizados em 15 de abril, o mapeamento semanal da intensidade da seca permite observar condição de seca em áreas do Sudeste e da região Norte do Brasil.
Em relação à média histórica, o mapa atualizado destaca chuvas normais no Semiárido brasileiro, Centro-Oeste e na região Sul. Em praticamente todo o Semiárido brasileiro, há chuvas normais ou acima da média, com registro de alta umidade do solo. Há ausência de seca em quase toda a região.
Comparando com o mapa acima do início de abril (à direita), você pode observar que a seca estava concentrada em áreas do Centro-Sul. Os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná eram os mais atingidos. Todavia, no mapa atualizado, houve ausência de seca nessas áreas.
O mapa fornece informações sobre a intensidade da seca, a partir da integração de um conjunto de variáveis, comparando sempre com a média histórica, como umidade do solo, déficit de precipitação, índice de vegetação e volume dos corpos d’água.
O mapa da intensidade da seca compara a quantidade de água disponível nos solos, em determinada área, com a média histórica (período de 1961 a 2010). A intensidade da seca é classificada em categorias: normal, fraca, moderada, severa, extrema e excepcional. Cada classe de intensidade da seca representa uma probabilidade de retorno do período de seca.
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De acordo com o monitoramento atualizado do Laboratório Lapis, baseado em dados de satélites, as chuvas ficaram mais frequentes na porção norte e leste do Nordeste, em grande parte do Centro-Oeste e na região Norte, na última semana. Já as regiões Sul e Sudeste ficaram mais secas, em razão da atuação de uma massa de ar seco.
É o que mostra o mapa do número de dias secos, um produto de satélite usado para monitorar a frequência das chuvas nas regiões brasileiras. O mapa foi gerado no software livre QGIS, com dados do período de 13 a 20 de abril. O produto de satélite “número de dias secos” mostra a frequência das chuvas nas regiões brasileiras, na última semana.
Comparando com o mapa do início de abril, você pode observar que as chuvas ficaram mais escassas na Bahia, sul do Piauí, Goiás e Minas Gerais. Os dados de satélites são do período de 03 a 10 de abril (mapa à direita).
O processamento e análise do mapa do número de dias secos é uma ferramenta que permite analisar a frequência das chuvas nas regiões brasileiras, na última semana.
O mapa é um dos produtos de monitoramento por satélite gerados semanalmente pelo Laboratório. Todos os dias, atualizamos a situação climática nas regiões brasileiras, a partir de diferentes tipos de produtos de satélites/mapas/índices de seca.
No mapa, as áreas na cor marrom indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos sete dias consecutivos. Já as áreas em verde mostram onde houve chuva significativa ou os locais que tiveram apenas 1 a 2 dias sem chover, durante o período.
O mapa foi elaborado com dados oriundos do produto Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS). O parâmetro utilizado baseia-se no número de dias secos, ou seja, quando o satélite não registrou chuvas, em 24 horas.
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O Laboratório Lapis lançou um novo mapeamento atualizado da cobertura vegetal das regiões brasileiras, com análise das áreas com cobertura vegetal saudável ou sob impactos de seca. O mapa semanal foi gerado no software livre QGIS, com dados do período de 08 a 14 de abril.
Em 2009, o Laboratório implantou um protótipo para gerar o mapa do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) de frequência diária, para todo o Brasil. Esse modelo foi aperfeiçoado e calibrado, de modo que hoje, são divulgados mapas semanais cobrindo todo o território brasileiro. O produto foi processado pelo cálculo do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km.
Segundo o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Lapis, o início de uma seca é muito difícil de se detectar. Geralmente, quando se percebe a intensidade desse fenômeno, já se está bem no meio dele, principalmente das secas-relâmpago. São secas rápidas e de curta duração (cerca de 30 dias no Brasil), com impactos severos para a vegetação e umidade do solo.
O mapeamento da cobertura vegetal, por meio do mapa de NDVI, possibilita detectar não só o início e o fim de uma seca, mas também monitorar sua intensidade, duração e impactos, nas regiões atingidas.
Desse modo, o acompanhamento contínuo, a partir de dados de satélites, é uma das estratégias mais seguras, sobretudo quando se utiliza uma ferramenta de alta frequência temporal, como é o caso do mapa de NDVI, de frequência semanal ou diária.
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Semanalmente, o Laboratório Lapis divulga o mapa da situação da cobertura vegetal do Semiárido brasileiro, baseado em dados de monitoramento por satélite. Observe a saúde da vegetação na região, do período de 08 a 14 de abril deste ano.
O reverdecimento da vegetação na maior parte da região chama atenção para a existência de áreas degradadas (áreas em vermelho muito intenso, em alguns estados). São áreas onde a vegetação não consegue mais se recuperar, mesmo com chuvas suficientes.
De acordo com o mapeamento, no Semiárido brasileiro, é notável a recuperação da cobertura vegetal, em razão das chuvas frequentes na região.
De forma geral, as áreas com cobertura vegetal saudável aparecem no mapa na cor verde, enquanto as áreas com vegetação sob estresse hídrico, por conta da estiagem, aparecem em amarelo ou vermelho. Mas, em alguns casos, o vermelho intenso também indica a existência de áreas degradadas.
O NDVI é um indicador numérico que utiliza a diferença entre as reflectâncias do Infravermelho próximo e do Vermelho, do espectro eletromagnético, produzindo valores que variam de -1 a 1. Na prática, os valores negativos representam água, estruturas construídas, rochas, nuvens e neve; valores em torno de zero significam solo exposto; e valores acima de 0,6 se referem à vegetação saudável.
O mapa foi gerado no software livre QGIS, a partir do cálculo do NDVI. O mapa de NDVI é um dos índices de seca mais utilizados, por mensurar os impactos diretos do estresse hídrico sobre a vegetação.
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LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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