Previsão indica rápido surgimento do La Niña a partir de junho



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Este post apresenta uma análise da atual situação do El Niño, a partir de informações obtidas junto ao Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis). Os mapas e as imagens utilizadas fazem parte do portfólio de produtos de monitoramento semanal por satélite do Laboratório. 

A pressão da superfície dos oceanos está diretamente ligada à presença do El Niño ou La Niña. A variável costuma representar a resposta da atmosfera à temperatura do oceano Pacífico. 

O mapa acima mostra a pressão superficial de longo prazo na área do El Niño Oscilação Sul (ENOS), durante os meses de junho a agosto, do período de 1980-2022. A anomalia de superfície de alta pressão na área do ENOS é a principal característica do La Niña, durante o inverno, no Hemisfério Sul.

O termo “anomalia” se refere ao desvio acentuado da variável (por exemplo, da pressão ou da temperatura), em relação ao padrão observado na média histórica.

No mapa, você também pode verificar o predomínio de um bloqueio atmosférico no Atlântico Sul, próximo da costa do Sudeste brasileiro. Essa condição ocorre desde o fim de fevereiro.

Esse dado é importante para entender a atual situação do ENOS. De acordo com o mapa da previsão de pressão superficial para junho a agosto de 2024, é possível observar um padrão similar ao La Niña, no Pacífico tropical.

Mapa do surgimento do La Niña_QGIS

Previsão da pressão superficial de junho a agosto.

A alta pressão emerge nos trópicos do Pacífico oriental, indicando o rápido surgimento de um La Niña. Isso significa que durante o inverno, pelo menos a atmosfera tropical já se ajusta ao novo ciclo do La Niña.

A partir de junho, a atmosfera já tende a responder rapidamente às mudanças da fase do El Niño para o La Niña. E um dado curioso é que as fases de neutralidade do ENOS têm sido cada vez mais curtas. Nos últimos três eventos de La Niña, foram excepcionalmente curtas.

A mesma situação é observada nessa nova transição de El Niño para La Niña. Antes, havia uma fase mais longa de neutralidade, mas esse período está ficando muito curto, com a atmosfera já passando rapidamente de uma fase para outra do ENOS.

>> Leia também: Brasil perdeu 55% das áreas de Agreste para o Semiárido, mostra estudo inédito

Mapa mostra Atlântico Sul mais aquecido em março

Mapa da temperatura do oceano Pacífico de El Niño ou La Niña_QGIS

O mapa das anomalias médias da temperatura da superfície do mar, atualizado em 21 de março, mostra Atlântico Sul mais quente que o normal. Ao mesmo tempo, o El Niño aparece mais fraco no oceano Pacífico.

Como explicamos neste post, o atual evento de El Niño já ultrapassou o seu pico e agora caminha para um rápido colapso. De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), no período de abril a junho, há 80% de chance de que o El Niño vá embora e dê lugar a uma situação de neutralidade.

Mas o Laboratório Lapis tem observado, pela previsão da resposta da atmosfera à temperatura oceânica, tendência de um período muito curto de transição (sem El Niño e sem La Niña), no Pacífico equatorial. 

>> Leia também: Previsão indica volta do La Niña a partir de agosto de 2024

Bloqueio atmosférico deixa leste do Brasil mais seco

Mapa do número de dias secos com dados de satélites_QGIS

Apesar das fortes chuvas no Sudeste brasileiro, nos últimos dias, grande parte do mês de março teve influência de um bloqueio atmosférico no leste do Brasil. Observe no mapa do número de dias secos que no início de março já havia áreas mais secas na Bahia e na região Sul.

Comparando com o mapa mais recente, processado com dados de satélites do período de 13 a 20 de março, essa área seca predominou desde a Bahia até o Rio Grande do Sul. Com isso, toda a área leste do Brasil foi influenciada pela massa de ar quente e seco.

O processamento e análise do mapa do número de dias secos é uma ferramenta que permite analisar a frequência das chuvas nas regiões brasileiras, na última semana.

O mapa do número de dias secos é um dos produtos de monitoramento por satélite gerados semanalmente pelo Laboratório Lapis. Todos os dias, atualizamos a situação climática nas regiões brasileiras, a partir de diferentes tipos de produtos de satélites/mapas/índices de seca.

No mapa, as áreas na cor marrom indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos sete dias consecutivos. Já as áreas em verde mostram onde houve chuva significativa ou os locais que tiveram apenas 1 a 2 dias sem chover, durante o período.

O mapa foi elaborado com dados oriundos do produto Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS). O parâmetro utilizado se baseia no número de dias secos, ou seja, quando o satélite não registrou chuvas, em 24 horas.

>> Leia também: Entenda em 7 pontos o surgimento de áreas áridas no Brasil

Mapeamento mostra intensidade da seca nas regiões brasileiras

Mapa da intensidade da seca_QGIS

O mapeamento da intensidade da seca nas regiões brasileiras, feito pelo Laboratório Lapis, é o mais atualizado divulgado para todo o Brasil. Comparando com a média histórica, os dados de satélite mostram estiagem intensa no Centro-Oeste brasileiro.

Na última semana, uma condição de seca severa se concentrou em áreas do Centro-Oeste, além de áreas de Matopiba e da região Sudeste.

A imagem gerada com dados de satélite atualizados em 19 de março, fornece informações sobre a intensidade da seca em todo o Brasil. O mapa foi gerado a partir da integração de um conjunto de variáveis, comparando sempre com a média histórica. São elas: umidade do solo, déficit de precipitação, índice de vegetação e volume dos corpos d’água.

O mapa da intensidade da seca compara a quantidade de água disponível nos solos, em determinada área, com a média histórica (período de 1961 a 2010). A intensidade da seca é classificada em categorias: normal, fraca, moderada, severa, extrema e excepcional. Cada classe de intensidade da seca representa uma probabilidade de retorno do período de seca.

>> Leia também: Pesquisa identifica pela primeira vez regiões áridas no Nordeste brasileiro

Mais informações

O Laboratório Lapis treina usuários para dominar o QGIS, do zero ao avançado, em seu Curso online “Mapa da Mina”. É o único treinamento prático e especializado no Brasil, similar a um MBA, que capacita usuários para exercer atividades de alto nível em geoprocessamento.

Conheça o mesmo método usado pela equipe interna do Laboratório Lapis para gerar qualquer tipo de mapa ou produto de monitoramento por satélite. Inscreva-se neste link. 

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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