Esta semana, um fenômeno conhecido como Oscilação Madden-Julian (MJO) intensificou as chuvas em grande parte das regiões brasileiras. Essa onda atmosférica move-se em direção ao leste e organiza nuvens profundas, nos trópicos. Costuma estar associada a chuvas generalizadas, que passam por grande parte do Brasil, no período de 5 a 10 dias.
A OMJ é uma onda de nuvens profundas, movendo-se para o leste, acompanhada de perturbações de tempestades, chuva, ventos e anomalias de pressão. Ela se move ao redor de todo o Planeta, no Equador, no período de 30 a 60 dias.
No início da década de 1970, a Oscilação foi detectada por Madden e Julian, após analisarem cerca de dez anos de dados diários de radiossondagem, em algumas estações no Pacífico tropical oeste.
O fenômeno é monitorado diariamente pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), com análises atualizadas sobre sua influência nas condições de tempo das regiões brasileiras.
A passagem da OMJ é marcada por uma fase úmida e uma seca. Após as intensas chuvas no Brasil, esta semana, o fenômeno agora vai influenciar em um período mais seco, nos próximos dias. A atualização da imagem, em 26 de agosto, mostra como a fase mais seca do fenômeno já atinge o Brasil.
A imagem atualizada pelo Laboratório Lapis mostra a situação da onda MJO em 27 de agosto, com destaque para a influência da fase seca do fenômeno.
A imagem abaixo mostra a atualização da fase seca do fenômeno em 31 de agosto.
A MJO é caracterizada por uma propagação para o leste de grandes regiões de chuvas tropicais, intensificadas e reprimidas. A animação abaixo mostra como a passagem do fenômeno atua como um fator adicional, definindo situações de chuvas ou estiagem, ao longo da sua trajetória.
A imagem acima mostra a fase mais úmida da OMJ (em tons de azul) e a fase mais seca (em tons de laranja), no último dia 21 de agosto. Desde então, o fenômeno tem intensificado as chuvas em algumas regiões do Brasil.
Na imagem, o azul representa uma fase fria e significa condições mais favoráveis para o desenvolvimento de áreas de instabilidade, com previsão de chuva. Já as cores laranja e vermelha representam uma fase quente, indicando que o tempo ficará mais estável, sem previsão de chuva.
Pela imagem de previsão, gerada pelo Laboratório Lapis, o Norte e o Nordeste do Brasil, além da costa do Sudeste e Sul são as regiões mais influenciadas pelo fenômeno. Essas áreas receberam mais chuvas esta semana, sob a influência da onda atmosférica.
A onda MJO é importante para a atividade tropical e formação de ciclones em todo o mundo, incluindo os oceanos Pacífico e Atlântico, durante a temporada de furacões. Essa onda contém chuvas convectivas e trovoadas, além de normalmente circundar o Planeta, no prazo de um a dois meses.
Essa região de convecção intensificada cria condições favoráveis para a atividade de ciclones tropicais, o que a torna importante para monitorar a temporada de furacões no Atlântico.
A onda atmosférica MJO move-se em direção ao leste e organiza nuvens profundas, nos trópicos. Costuma estar associada a chuvas generalizadas, quando passa pelo Brasil.
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A imagem gerada pelo Laboratório Lapis, no dia 23 de agosto, permite observar a fase úmida mais intensa da MJO avançando pelo oceano Atlântico Sul.
Com a passagem da MJO sobre a América do Sul, nos últimos cinco dias, os volumes de chuva aumentaram, em quase todas as regiões. As chuvas foram menos abrangentes apenas no Centro-Sul do Brasil. Nesse período, as ondas de perturbações africanas (ondas de leste) também são favoráveis ao desenvolvimento inicial de áreas de instabilidade. Essa condição de instabilidade foi impulsionada pelas temperaturas mais quentes que o normal, em grande parte do Brasil.
A imagem do satélite GOES, do dia 23 de agosto, destaca muitas nuvens sobre a Argentina, Uruguai e sul do Rio Grande do Sul (em tons de azul, amarelo e laranja), associadas a uma frente fria no mar e à corrente de jato superior (ventos fortes em altos níveis da atmosfera). Esses sistemas estão sendo impulsionados pela fase úmida da MJO.
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A imagem de satélite mostra muitas nuvens sobre a Argentina, entre o norte do Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina, associadas à corrente de jato superior (ventos fortes em altos níveis da atmosfera), um cavado (área de baixa pressão) e uma frente fria no Oceano. Esses sistemas estão sendo impulsionados pela passagem da fase úmida da MJO, sobre a costa leste do Brasil.
A imagem abaixo mostra como estava o avanço da MJO no último dia 24 de agosto.
Durante esse período, a atuação de um sistema de alta pressão pós-frontal deixa o tempo firme e as temperaturas mais baixas, sobre grande parte do Brasil.
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*Post atualizado em: 01.09.2023, às 09h14.
LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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