Mapeamento mostra microrregiões brasileiras mais afetadas por seca-relâmpago


Imagem do satélite GOES, do dia 06 de junho.


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As secas-relâmpago são eventos climáticos extremos de curta duração e forte intensidade, caracterizados por um período de escassez ou ausência de chuvas, geralmente associado a altas temperaturas.

Essa nova tipologia de seca se tornou comum no atual estágio da mudança climática. Seus impactos são nefastos para alguns setores, como a produção agrícola, pois o intenso estresse hídrico costuma sugar rapidamente a umidade do solo.

Neste post, atualizamos as informações de monitoramento da atual situação climática das regiões brasileiras, a partir de mapas e imagens de satélite. Essas ferramentas fazem parte do portfólio de monitoramento semanal do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).

Seca-relâmpago suga umidade do solo em áreas do Sudeste e Nordeste

Mapa da umidade do solo_QGIS_detalhes

Um mapeamento atualizado do Laboratório Lapis destaca as áreas afetadas por secas-relâmpago, por das microrregiões brasileiras. Você pode observar as áreas em vermelho no mapa, onde a quantidade de água contida na superfície do solo está abaixo de 10%, ou seja, o solo está muito seco. As regiões Sudeste e Nordeste apresentam as maiores áreas afetadas pelas secas-relâmpago.

Pesquisadores de diferentes países buscam entender esse novo tipo de evento climático extremo, chamado de seca-relâmpago. Mas ainda não havia um estudo específico sobre suas características no Brasil e na América Latina.

Recentemente, um estudo do Laboratório Lapis analisou de forma inédita as características desse novo tipo de seca no Brasil. O estudo analisou como as secas-relâmpago impactaram na biomassa e na umidade do solo, no período de 2004 a 2022.

No Semiárido brasileiro, constatou-se que essas secas curtas costumam durar cerca de um mês. Identificou-se que municípios do Agreste (áreas subúmidos secos) estão se tornando semiáridos, um sinal climático agravado pelas secas-relâmpago.

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Sudeste e Centro-Oeste ficam ainda mais secos neste início de junho

Mapa das regiões mais secas do Brasil_QGIS

O mapa da intensidade da seca, gerado no software QGIS pelo Laboratório Lapis, mostra o déficit hídrico nas regiões brasileiras, com dados atualizados no dia 04 de junho (Veja o mapa acima).

As regiões Sudeste e Centro-Oeste estão sob intenso estresse hídrico atualmente. Desde o mês de abril, uma massa de ar seco atinge toda a área central do Brasil, estendendo-se também, nas últimas semanas, para o sul da Amazônia.

A imagem do satélite Meteosat, canal vapor de água, destaca a massa de ar seco persistente sobre a área central do Brasil, no dia 06 de junho (Veja a imagem abaixo).

De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis e responsável pelo monitoramento, no Sudeste e Centro-Oeste do País, o clima quente e seco começou em abril e persiste há quase 2 meses.

As altas temperaturas aumentam as taxas de evaporação e diminuem a umidade do solo, caracterizando uma seca-relâmpago, com efeitos dramáticos para a agricultura, explica Humberto.

As secas tendem a começar quando a precipitação cai abaixo dos níveis normais, em relação à média histórica. Muitos outros fatores influenciam na intensidade das secas, como temperatura, ventos, nebulosidade e tipo de solo da região, sobretudo da seca relâmpago.

O mapa da intensidade da seca integra um conjunto de variáveis, como umidade do solo, déficit de precipitação, índice de vegetação e volume dos corpos d’água, comparando com a média histórica. Os dados são comparados com a média histórica (período de 1961 a 2010).

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Rio Grande do Sul continua com solos saturados um mês depois das chuvas extremas

Mapeamento da umidade do solo no Rio Grande do Sul_QGIS

De acordo com o monitoramento atualizado do Laboratório Lapis, mesmo um mês depois das chuvas extremas que devastaram o Rio Grande do Sul, os solos continuam saturados de umidade do solo. Você pode comparar o mapa da umidade do solo do dia 20 de maio e o mesmo produto de satélite com dados do dia 31 de maio (Veja os mapas acima).

As áreas em azul escuro nos mapas indicam 100% de saturação do solo, ou seja, todo o seu substrato está preenchido com água. De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, os solos dessas áreas já não conseguem mais absorver água, fazendo com que toda a água da chuva escoe superficialmente, aumentando o risco de inundações.

Já no Sudeste, Centro-Oeste e em áreas do Nordeste, a umidade do solo ficou ainda mais baixa, caracterizando situação de estiagem, muito grave para as áreas produtoras de grãos. Desde o mês de abril, são as regiões mais afetadas pela massa de ar seco, com registros de baixa umidade do solo.

O mapeamento do Laboratório Lapis foi feito com dados do satélite SMAP (Soil Moisture Active Passive – Umidade do Solo Passiva e Ativa). O mapa semanal, gerado no software livre QGIS, permite identificar as condições da umidade do solo nas diferentes regiões brasileiras, sob influência das condições hídricas de cada localidade.

O mapeamento da umidade do solo é o produto de satélite que permite detectar de forma mais rápida situações de saturação do solo. Em outro extremo, permite monitorar a situação da intensidade. Em especial, as secas-relâmpago, uma nova tipologia de seca, geralmente rápida e de curta duração (cerca de 30 dias no Brasil), com impactos severos na vegetação e umidade do solo.

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Rio Grande do Sul e Amazônia continuam com chuvas acima da média

Mapa da precipitação_QGIS

O mapa semanal da precipitação, baseado no Índice de Precipitação Padronizado (SPI), destaca como foi a distribuição das chuvas nas regiões brasileiras, no período de 22 a 26 de maio deste ano.

Você pode observar no mapa que o Rio Grande do Sul continuou recebendo chuvas muito acima do normal, durante o período. O oeste de Santa Catarina, sudoeste do Paraná e do Mato Grosso do Sul também receberam volumes significativos de precipitação. Além disso, grande parte da Amazônia brasileira também recebeu chuvas acima da média.

Por outro lado, a estiagem atingiu grande parte do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, além de áreas do sul da Amazônia. Isso ocorreu em razão de uma forte massa de ar seco, que atingiu a região, durante o período.

O mapa faz parte do portfólio de produtos de monitoramento por satélite, gerados semanalmente pelo Laboratório Lapis. Com essa ferramenta, é possível se manter atualizado sobre a distribuição das chuvas, em qualquer área do território brasileiro, com frequência mensal ou semanal.

O mapa foi gerado no software livre QGIS, a partir do cálculo do Índice de Precipitação Padronizado (SPI). Esse índice de seca permite analisar a duração, a frequência e a gravidade das secas meteorológicas, usando dados do Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS).

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Chuvas continuam irregulares na área central do Brasil e em Matopiba

Mapa do número de dias secos_QGIS

O mapa do número de dias secos mostra a frequência das chuvas nas regiões brasileiras, no período de 26 de abril a 25 de maio de 2024. No mapa mensal, as áreas na cor vermelha indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos 30 dias. Já as áreas em verde mostram chuvas regulares ou os locais que tiveram apenas 1 a 3 dias sem chover, durante o período.

Desde o início de abril, um bloqueio atmosférico afeta grande parte do País, principalmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste, além de áreas do Nordeste, especialmente da região de Matopiba. Nos últimos dias, a massa de ar seco também desceu para áreas do Paraná, na região Sul.

O tempo seco é uma condição atípica para o Sudeste e Centro-Oeste nesse período. O desaparecimento das chuvas deve-se à formação dessa massa de ar seco persistente sobre essas áreas. Ela deixa o céu claro e serve de obstáculo à passagem de frentes frias — que no fim do outono, provocam chuva.

A irregularidade das chuvas é consequência de uma seca-relâmpago (secas rápidas e de forte intensidade, associadas às altas temperaturas). A previsão do Laboratório Lapis é que na maior parte do inverno (junho a agosto), o Centro-Sul receba chuvas abaixo da média histórica.

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Mais informações

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COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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