Risco climático atinge áreas desde o Sudeste até o Norte e Nordeste



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Neste post, atualizamos a atual condição climática das regiões brasileiras, a partir de mapas e produtos de satélites. Os dados e informações utilizadas fazem parte do monitoramento semanal do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).

O alto risco climático do Brasil se concentra atualmente em áreas que vão desde o Sudeste até as regiões Norte e Nordeste. As temperaturas ficam mais amenas. De acordo com o mapa do Índice de Risco Climático (IRC), para este dia 1o de fevereiro, o cinza intenso indica áreas de instabilidade atmosférica, favorecendo uma maior cobertura de nuvens e chuvas com possíveis trovoadas.

No mapa, a escala de IRC negativa (cor cinza), quer dizer que não há influência direta da mudança climática na temperatura local, mas predomínio de cobertura de nuvens e áreas de instabilidade.

Já a escala de IRC em +5 indica que a temperatura está 5 vezes maior, por influência da mudança climática. Essa escala de risco indica que a mudança climática alterou a temperatura local. Vale lembrar que há outras influências sobre a temperatura local, requerendo estudos específicos.

A presença do sistema alongado de baixa pressão sobre o oceano Atlântico, na altura do litoral de São Paulo, favorece a permanência da maior concentração de nebulosidade e chuvas em momentos do dia, entre São Paulo (SP) e Brasília (DF).

Na meteorologia tropical, “overshootings” é o nome dado às nuvens Cumulonimbus (Cb), que são enormes, chegam na estratosfera e liberam muito calor latente. Durante a tarde, com o maior aquecimento diurno e a disponibilidade de umidade, esperam-se pancadas isoladas de chuva, que podem, em alguns casos, se caracterizar como temporais pontuais.

>> Leia também: La Niña chega com características incomuns. O que isso significa para o clima?

Estiagem diminui no Nordeste e na região Sul

Mapa do número de dias secos_QGIS

O monitoramento por satélite do Laboratório Lapis mostra redução do número de dias consecutivos de estiagem, em grande parte do Nordeste brasileiro e em áreas do Centro-Sul do País. 

Comparando com o mesmo mapa do mês anterior (Veja imagem abaixo), você pode observar que houve redução do número de dias secos em grande parte do País. No caso da região Nordeste, Rio Grande do Sul e sudoeste de Mato Grosso do Sul, houve uma redução drástica das áreas afetadas com seca-relâmpago.

Mapa do número de dias secos_GIS

O mapa mensal do número de dias secos mostra a situação da estiagem nas regiões brasileiras, desde o dia 27 de dezembro do ano passado até 25 de janeiro deste ano. Com a mudança de cenário, você pode observar que quase todos os estados brasileiros passaram a receber chuvas mais regulares, na segunda quinzena de janeiro.

No mapa, as áreas em vermelho indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos 30 dias. Já as áreas em verde mostram chuvas regulares ou os locais que tiveram apenas 1 a 3 dias sem chover, durante o período.

“Seca-relâmpago" (flash-droughts, do termo em inglês) é um extremo climático de curta duração e forte intensidade, associado às altas temperaturas. Essa nova tipologia de seca, que se tornou comum com a mudança climática, afeta severamente vegetações, ecossistemas e prejudica as colheitas.

O meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, pesquisou esse tipo de extremo climático no Semiárido brasileiro. Foi a primeira pesquisa sobre o assunto no Brasil e na América Latina.

No Livro “Um século de secas”, analisamos as secas do período de mais de um século no Semiárido (1901-2016). Das 32 secas ocorridas na região, e dos 30 eventos de El Niño registrados no período, em apenas 70% dos casos houve associação direta entre secas e El Niño.

Para entender mais sobre essa influência nas chuvas do Nordeste, acesse a nossa Livraria sem fins lucrativos e conheça o Livro “Um século de secas”, o mais completo sobre a região.

>> Leia também: Situação do Atlântico melhora previsão climática para o Norte e Nordeste

Mapeamento mostra situação da cobertura vegetal do Semiárido

Mapa da cobertura vegetal do Semiárido_QGIS

O Laboratório Lapis monitora semanalmente a situação da cobertura vegetal no Semiárido brasileiro, a partir de dados de satélites. O mapa foi gerado no software livre QGIS, a partir do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), com dados do período de 13 a 19 de janeiro.

Você pode observar, no mapa, que apesar das chuvas no Semiárido, a vegetação continua seca, desde o nordeste da Bahia até o Ceará. A demora na recuperação da cobertura vegetal se deve à memória da longa seca e altas temperaturas enfrentadas pela região, pelo menos desde agosto do ano passado.

O mapa foi processado com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km. O NDVI é um dos indicadores mais importantes para monitoramento dos impactos da seca sobre a vegetação.

Em 2009, o Laboratório implantou um protótipo para gerar o mapa de NDVI de frequência diária, para todo o Brasil. Esse modelo foi aperfeiçoado e calibrado, de modo que hoje, são divulgados mapas semanais cobrindo todo o território brasileiro. O produto foi processado com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km.

>> Leia também: Entenda os 5 fenômenos que trazem chuvas para o Nordeste, durante o verão

Mais informações

Os mapas e produtos de satélite utilizados em nossos posts são gerados no QGIS, o software livre de Geoprocessamento mais usado do mundo. Você pode passar 01 ano inteiro sendo treinado pelo Laboratório Lapis. O Curso online "Mapa da Mina" ensina o método exclusivo da equipe interna do Laboratório para dominar o QGIS, do zero ao avançado. Inscrições abertas neste link.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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