A Alta da Bolívia (AB) está em atuação, como mostra a imagem do satélite GOES-16. O fenômeno é um anticiclone que ocorre exclusivamente na alta troposfera, sobre a América do Sul, principalmente durante o verão. É uma grande circulação de massas de ar, em sentido anti-horário (à esquerda), variando sua posição sobre o Paraguai e Centro-Oeste do Brasil.
A Alta da Bolívia domina a circulação dos ventos em todo o Brasil, mantendo áreas de instabilidade em várias regiões. A presença da Alta Bolívia e sua posição sobre o Planalto boliviano influenciam na formação de diferentes tipos de nuvens no continente. Em particular, bandas estreitas de nuvens cirros e cumulonimbus, com vários graus de organização.
O fenômeno Alta da Bolívia é um sistema térmico, gerado em função da liberação de forte calor na superfície terrestre, sobre o Altiplano boliviano. Esse giro anticiclônico provoca a convergência de ventos úmidos nos níveis superficiais da atmosfera, favorecendo a formação de nuvens carregadas e provocando chuvas no Semiárido brasileiro.
A atuação de uma massa de ar quente e úmida garante mais um dia de tempo abafado, com períodos de Sol entre nuvens. Há possibilidade de chuvas localizadas ao longo do dia, em municípios do Centro-Sul.
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O monitoramento por satélite do Laboratório Lapis mostra aumento do número de dias consecutivos de seca em grande parte do Semiárido brasileiro. Em dezembro, grande parte da região enfrentou entre 25 e 30 dias sem registro de chuva.
As áreas em vermelho são as mais afetadas pela seca, que vai desde a Bahia até o Ceará e Rio Grande do Norte. Áreas da faixa norte da região Norte também enfrentam estiagem.
O mapa mensal do número de dias secos mostra a frequência das chuvas nas regiões brasileiras, no período de 02 a 31 de dezembro de 2024. No mapa, as áreas na cor vermelha indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos 30 dias. Já as áreas em verde mostram chuvas regulares ou os locais que tiveram apenas 1 a 3 dias sem chover, durante o período.
Nos últimos 30 dias, houve a expansão dos municípios secos no Semiárido brasileiro, sugerindo que eventos de seca-relâmpago se concentram em períodos mais curtos e em áreas mais extensas. No lado oposto, a quantidade de chuva aumentou nas regiões do Centro-Sul e na Amazônia.
Aquecimento global e degradação das terras pela ação humana provocam uma nova tipologia de seca, chamada "seca-relâmpago", que agravam ainda mais a situação.
As "secas-relâmpago" (flash-droughts, do termo em inglês), é um extremo climático de curta duração e forte intensidade, associado às altas temperaturas. Essa nova tipologia de seca, decorrente da mudança climática, afeta severamente vegetações, ecossistemas e prejudica as colheitas.
O pesquisador Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, analisou esse tipo de extremo climático no Semiárido brasileiro. Foi a primeira pesquisa sobre o assunto no Brasil e na América Latina.
No Livro “Um século de secas”, analisamos as secas do período de mais de um século (1901-2016). Das 32 secas ocorridas no Semiárido brasileiro, no período, e dos 30 eventos de El Niño (fracos, moderados e fortes) também registrados, em 70% dos casos, houve associação direta entre secas e El Niño.
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O mapa semanal da precipitação, baseado em dados de satélite, destaca a distribuição das chuvas nas regiões brasileiras, no período de 23 a 27 de dezembro. De acordo com o monitoramento do Laboratório Lapis, o mês contou com chuvas frequentes desde a Amazônia até a região Sudeste.
O mapeamento também destaca predomínio de estiagem em grande parte do Nordeste, em razão de uma massa de ar seco persistente. Em Matopiba, no oeste do Nordeste e no Tocantins, dezembro terminou com chuvas regulares.
A imagem do satélite Meteosat mostra que somente em 07 de janeiro deste ano, houve uma trégua na massa de ar seco sobre o Nordeste brasileiro.
O mapa da precipitação faz parte do portfólio de produtos de monitoramento por satélite, do Laboratório Lapis. Com essa ferramenta, é possível se manter atualizado sobre a distribuição das chuvas, em qualquer área do território brasileiro, com frequência mensal ou semanal.
O mapa semanal foi gerado no software livre QGIS, a partir do cálculo do Índice de Precipitação Padronizado (SPI). Esse índice de seca permite analisar a duração, frequência e gravidade das secas meteorológicas, usando dados do Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS).
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A Amazônia enfrenta impactos cumulativos da seca e continua em situação de alto risco hidrológico. No mapa, os círculos em marrom mostram os reservatórios com níveis mais críticos. Já na região Sudeste, houve uma melhoria importante na reposição do volume dos reservatórios de água.
O risco hidrológico do Brasil ainda se concentra na Amazônia. Ali, há uma forte inter-relação entre secas, degradação e aumento das queimadas. O meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, chama atenção para o aumento na intensidade da seca. Rios da bacia amazônica registram níveis críticos históricos para esse período.
A segurança do sistema hidrelétrico neste ano de 2025 depende do período chuvoso, que vai até o mês de abril. Hoje, o sinal retornou ao nível marrom de redução de armazenamento. “Os atuais níveis dos reservatórios ainda estão razoáveis”, completa o meteorologista.
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LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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