Até que ponto as previsões climáticas correspondem à realidade?



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Você costuma avaliar o quanto as previsões climáticas sazonais correspondem (ou não) à realidade. Neste post, destacamos um ponto importante para você considerar, antes de interpretar uma previsão climática. As informações foram obtidas junto ao Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).

A previsão climática indica como o clima vai se comportar em determinado período, com base na média dos dados. Por exemplo, a média de chuva e temperatura para o mês de fevereiro. Mas ela costuma fornecer pouca informação sobre o tempo previsto para cada anomalia, termo que se refere ao desvio em relação à média histórica. 

Com isso, modelos climáticos podem indicar pouca chuva e temperatura mais quente para o mês inteiro. Mas como os modelos simulam com base na média, é possível que haja dias bastante chuvosos e frios, ao longo do mês.

Suponha um mês com temperatura de 1 ºC acima do normal. Isso não quer dizer que cada hora deste mês seja 1 ºC mais quente do que o normal. Um cenário mais realista é que alguns dias sejam mais quentes, enquanto outros fiquem com temperatura normal. E o mais curioso é que pode haver dias muito mais frios do que a média ou até mesmo cair uma geada.

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Como são geradas as previsões climáticas sazonais?

Previsão climática sazonal para o Nordeste_QGIS

Existem vários tipos de modelos climáticos, processados por diferentes agências internacionais. A previsão de cada agência é atualizada cerca de uma vez por mês, mas não ao mesmo tempo.

A tendência das previsões sazonais é feita com base nos resultados dos vários modelos climáticos. Em geral, todos são combinados em um Super-ENSEMBLE. Em tese, essa estatística costuma ter mais chance de acertar do que a previsão de uma única instituição.

Quando as previsões de modelos diferentes se contradizem, há pouca chance de se prever o clima adequadamente. Além disso, modelos processam as previsões para os próximos três meses, a partir dos dados atuais observados, sendo atualizados a cada mês, pela média móvel.

Há algumas situações em que as previsões sazonais são precisas, como sob El Niño e La Niña de intensidade forte. Mas você observar no mapa um exemplo de previsão do ENSEMBLE, que aponta Campina Grande (PB) mais seca e quente, em fevereiro.

Porém, naquele município, situado em uma área de transição de zonas subúmidas secas para o Semiárido, o mês começou com chuva acima da média e temperaturas mais amenas. 

A influência do Atlântico no clima das regiões brasileirasAtlântico e previsão climática

O oceano Atlântico exerce uma influência decisiva no clima do Brasil. A imagem acima mostra a variação da temperatura da superfície do mar (TSM) na região do Atlântico tropical, referente ao dia 05 de fevereiro deste ano.

As áreas em tons de vermelho representam águas superficiais mais quentes do que o normal, enquanto as cores que variam de azul a roxo, indicam águas mais frias do que a média.

No Atlântico Sul, as temperaturas estão mais quentes que o normal, em grande parte da costa. Essa condição é favorável à formação de chuvas nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil. Inclusive, ao longo do litoral sul do País, a anomalia de aquecimento ultrapassa os 4 ºC acima da média.

No Semiárido brasileiro, o principal sistema meteorológico gerador de chuvas é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Mas para que esse sistema baixe e favoreça chuvas na região, é necessário que as águas da costa leste do Nordeste estejam mais quentes do que as do Atlântico Norte.

É que quando as águas da superfície do Atlântico Norte estão mais aquecidas do que as do Atlântico Sul, a ZCIT costuma subir mais para o Hemisfério Norte. Quando isso acontece, as chuvas ficam mais escassas no Semiárido brasileiro.

>> Leia também: “Quatro secas extremas em duas décadas é incomum para a Amazônia”, afirma meteorologista

Mapa mostra chuvas regulares no início de fevereiro

Mapa da precipitação baseado em dados de satélites_QGIS

O mapa semanal da precipitação, baseado em dados de satélite, destaca a distribuição das chuvas nas regiões brasileiras, no período de 29 de janeiro a 02 de fevereiro. De acordo com o monitoramento do Laboratório Lapis, as chuvas foram regulares no oeste e no norte do Nordeste. Mas a seca predominou desde Alagoas até a Bahia. 

O mapeamento também destaca chuvas regulares nas demais regiões do Brasil, com exceção do norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, além do Rio Grande do Sul e de Roraima.

O mapa da precipitação faz parte do portfólio de produtos de monitoramento por satélite, do Laboratório Lapis. Com essa ferramenta, é possível se manter atualizado sobre a distribuição das chuvas, em qualquer área do território brasileiro, com frequência mensal ou semanal.

O mapa semanal foi gerado no software livre QGIS, a partir do cálculo do Índice de Precipitação Padronizado (SPI). Esse índice de seca permite analisar a duração, frequência e gravidade das secas meteorológicas, usando dados do Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS).

>> Leia também: La Niña chega com características incomuns. O que isso significa para o clima?

Mapeamento mostra situação de seca no Rio Grande do Sul

Mapa da precipitação baseado em dados de satélites_QGIS

O Laboratório Lapis atualizou o monitoramento climático das regiões brasileiras, a partir do mapa da intensidade da seca. De acordo com o mapa, houve um alívio na situação da seca na maior parte do País. Atualmente, a área mais afetada, em relação à média histórica, é o Rio Grande do Sul. De maneira moderada, há áreas do Espírito Santo, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Piauí, Pará e Amazonas.

No mapa, as cores em laranja e vermelho mostram como piorou o percentual de umidade do solo e dos volumes de precipitação, quando comparado com a média histórica.

O mapa compara a atual quantidade de umidade do solo, com a média do mesmo período de 1961 a 2010. As áreas com seca prolongada (em tons de laranja e vermelho, no mapa), apresentam os seguintes impactos: déficit severo de precipitação, aumentando o risco de incêndios florestais; baixos níveis das águas impactam diretamente no transporte fluvial e terrestre, afetando a economia da região; e solo seco, com déficit de umidade a longo prazo.

>> Leia também: Situação do Atlântico melhora previsão climática para o Norte e Nordeste

Inscrições abertas

Os mapas utilizados neste post fazem parte do portfólio de produtos de monitoramento por satélite do Laboratório Lapis. Se você quer aprender a utilizar as Geotecnologias, para gerar mapas e produtos de monitoramento por satélite, você tem a oportunidade de passar 01 inteiro sendo treinado pela equipe do Laboratório Lapis. Para dominar o software livre QGIS, até o nível avançado, inscreva-se para o Curso de QGIS “Mapa da Mina”.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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