Este post apresenta mais uma atualização da situação climática das regiões brasileiras, a partir de mapas, com informações obtidas junto ao Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).
Os mapas e as imagens utilizadas fazem parte do portfólio de produtos de monitoramento semanal por satélite do Laboratório. Com essas ferramentas, é possível se manter atualizado sobre variáveis como distribuição da chuva, cobertura vegetal, umidade do solo, intensidade da seca, El Niño e situação climática atual, em qualquer área do território brasileiro.
Depois de um mês de fevereiro com chuvas irregulares no norte da Amazônia brasileira, março começou com melhoria das chuvas nessa área. De acordo com o novo mapeamento do Laboratório Lapis, baseado em dados de satélites do período de 28 de fevereiro a 05 de março, além da Amazônia, as chuvas também voltaram ao Rio Grande do Sul.
No início de março, a porção norte do Nordeste brasileiro continua com chuvas regulares. Já na área central do Brasil, que abrange desde a Bahia, passando por grande parte do Sudeste e do Centro-Oeste, as chuvas ficaram irregulares, em razão de uma massa de ar quente e seco.
O mapa do número de dias secos é uma ferramenta que permite analisar a frequência das chuvas nas regiões brasileiras, na última semana. Você pode comparar, nas imagens acima, a frequência das chuvas no início de março com a análise da situação na última semana de fevereiro.
No final de fevereiro (período 22 a 29 de fevereiro), as chuvas continuaram irregulares na porção norte da Amazônia e no Rio Grande do Sul. Nesse período, a área central do Brasil (que abrange desde a Bahia, norte de Minas Gerais, Goiás e sul do Tocantins), as chuvas ficaram mais irregulares.
O processamento e análise do mapa do número de dias secos é uma ferramenta que permite analisar a frequência das chuvas nas regiões brasileiras, na última semana. O mapa do número de dias secos é um dos produtos de monitoramento por satélite gerados semanalmente pelo Laboratório. Todos os dias, atualizamos a situação climática nas regiões brasileiras, a partir de diferentes tipos de produtos de satélites/mapas/índices de seca.
No mapa, as áreas na cor marrom indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos sete dias consecutivos. Já as áreas em verde mostram onde houve chuva significativa ou os locais que tiveram apenas 1 a 2 dias sem chover, durante o período.
O mapa foi elaborado com dados oriundos do produto Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS). O parâmetro utilizado baseia-se no número de dias secos, ou seja, quando o satélite não registrou chuvas, em 24 horas.
A imagem do satélite Meteosat-10, canal vapor de água, processada no dia 10 de março, mostra uma forte massa de ar quente e seco (sistema de alta pressão) sobre o Nordeste brasileiro.
Essa massa de ar quente e seco condiciona tempo com muito Sol e altas temperaturas na região. Destaque para o predomínio do calor, com máximas previstas acima dos 30 °C.
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O mapeamento da intensidade da seca nas regiões brasileiras, feito pelo Laboratório Lapis, é o mais atualizado divulgado para todo o Brasil. Comparando com a média histórica, os dados de satélite mostram aumento da seca no Centro-Oeste brasileiro e em parte do Sudeste.
No mapa, você pode observar que grande parte da Amazônia brasileira aparece mais seca que o normal. Isso ocorre porque embora as chuvas estejam mais frequentes na região, os volumes ainda estão abaixo do normal, para essa época do ano, em relação à média histórica.
Na última semana, uma estiagem intensa se concentrou em áreas do Centro-Oeste, principalmente no Mato Grosso do Sul. Essa condição também atinge o extremo norte do Paraná, sul de Goiás, sudoeste de Minas Gerais e oeste de São Paulo.
O mapa fornece informações sobre a intensidade da seca, a partir da integração de um conjunto de variáveis. Gerado no software livre QGIS, com dados de satélite do último dia 05 de março, o mapa integra dados da umidade do solo, déficit de precipitação, índice de vegetação e volume dos corpos d’água.
No mapa da intensidade da seca, os dados são comparados com a média histórica. O mapa compara a quantidade de água disponível nos solos, em determinada área, com a média histórica (período de 1961 a 2010). A intensidade da seca é classificada em categorias: normal, fraca, moderada, severa, extrema e excepcional. Cada classe de intensidade da seca representa uma probabilidade de retorno do período de seca.
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O Laboratório Lapis lançou um novo mapeamento atualizado da cobertura vegetal das regiões brasileiras. O mapa acima mostra áreas onde houve perda e ganho da cobertura vegetal, no mês de fevereiro. O mapa mensal foi gerado no software livre QGIS, a partir do processamento do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km.
De acordo com a análise do mapa/produto de satélite, pode-se concluir:
1) O Nordeste brasileiro foi a região que mais ganhou biomassa vegetal, em fevereiro. Isso ocorreu em razão da volta das chuvas à região. As áreas onde a caatinga ficou mais verde abrange desde o Rio Grande do Norte até a Bahia, além do Piauí;
2) O Sudeste brasileiro também foi uma região que ganhou cobertura vegetal significativa no período, além do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins;
3) As áreas em vermelho mostram onde houve perda da biomassa vegetal. Foi o caso do norte de Roraima, Mato Grosso, Paraná, sudoeste do Mato Grosso do Sul e de Goiás, além do sul do Ceará.
O mapa de NDVI é utilizado para avaliar se o alvo contém vegetação verde ou não. As áreas em vermelho indicam perda da biomassa, enquanto as áreas em verde indicam aumento da cobertura vegetal. Áreas com vegetação mais densa tendem a apresentar valores próximos a 1.
Áreas de vegetação mais verde e com maior vigor mostram maior contraste na região do Visível, do espectro eletromagnético, especificamente no Vermelho e no Infravermelho.
Já valores baixos de NDVI indicam vegetação com baixa atividade fotossintética. À medida que os pigmentos de clorofila se degradam, a reflectância vermelha aumenta, produzindo uma aparência amarela senescente à vegetação. Essas áreas estão associadas à perda da saúde da vegetação, em razão da situação climática (resposta da vegetação à estiagem) ou de ações antrópicas (queimadas, desmatamento, áreas agrícolas).
O mapa de NDVI é um dos produtos de monitoramento semanal do Laboratório Lapis. O protocolo de processamento das imagens encontra-se no livro EUMETCast.
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Quão boas têm sido as previsões de chuva para o Brasil? Saber o quão precisas elas são é uma das maiores curiosidades das pessoas. Sem falar em alguns setores econômicos que precisam tomar decisões de investimentos, tendo o clima como variável decisiva. Para o setor agrícola, por exemplo, um bom prognóstico climático pode valor muito, em termos de lucro e produtividade.
Existem vários tipos de modelos climáticos. Cada um deles apresenta erros diferentes. Alguns utilizam uma média das previsões de vários modelos, enquanto outros tomam por base um modelo específico, que faz previsões mais aproximadas da realidade.
Para dar uma ideia do desempenho das previsões baseadas em modelos climáticos, avaliamos a previsão climática sazonal do Laboratório Lapis, no último mês de fevereiro. Em seguida, comparamos com o que de fato aconteceu na realidade, em termos de volume de precipitação nas regiões brasileiras.
Uma maneira de fazer isso é rever as previsões arquivadas e criar mapas que comparem as previsões com as observações reais da distribuição das chuvas nas regiões brasileiras.
Há lugares onde a previsão concorda com a realidade, mas existem outros onde os dados observados são diferentes. Observe a diferença entre a previsão que divulgamos para fevereiro e o mapa da intensidade da seca naquele mês.
Você pode verificar que os dados corresponderam em grande parte do Brasil (regiões Nordeste, Sudeste e Norte). Já nas regiões Centro-Oeste e Sul, houve mais divergências nos dados observados.
Agora, me conte: qual foi o resultado entre a previsão de chuva para fevereiro e a realidade de quanto choveu em seu município?
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LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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