Semanalmente, o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) divulga a atualização da condição climática das regiões brasileiras, a partir do monitoramento contínuo baseado em dados de satélites.
Os mapas e imagens utilizados neste post fazem parte do portfólio de produtos de satélite gerados pelo Laboratório Lapis. Com essas ferramentas, é possível se manter atualizado sobre variáveis como radiografia da seca, distribuição da chuva, cobertura vegetal e umidade do solo, em qualquer área do território brasileiro.
A fase seca da Oscilação Madden-Julian (MJO) já atinge todo o Brasil. Recentemente, a fase úmida do fenômeno passou pelo Brasil e intensificou as chuvas em grande parte das regiões. A OMJ é uma onda de nuvens profundas, movendo-se para o leste, acompanhada de perturbações de tempestades, chuva, ventos e anomalias de pressão.
A passagem da onda OMJ não é marcada apenas por uma fase úmida. Após as intensas chuvas no Brasil, a fase seca da onda atmosférica atinge em cheio as regiões brasileiras. A imagem gerada pelo Laboratório Lapis, com dados do dia 02 de setembro, mostra a fase seca do fenômeno passando pelo Brasil. Explicamos neste post como o fenômeno influencia nas chuvas do Brasil.
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O mapa do número de dias secos é um dos produtos de monitoramento do Laboratório Lapis. De acordo com dados de satélite atualizados, o mês de agosto terminou com melhoria na frequência das chuvas na maioria das regiões brasileiras. A exceção é o Nordeste brasileiro, onde a estiagem predominou na maior parte dos municípios, no mês de agosto.
Comparando o mapa do número de dias secos do final de agosto (imagem acima), com o mesmo mapa do período anterior (14 a 20 de agosto), nota-se ter havido melhoria na frequência das chuvas no Centro-Sul do Brasil.
O mapa do número de dias secos é um dos produtos de monitoramento por satélite que fazem parte do método “Mapa da Mina”, do Laboratório Lapis. O produto permite identificar e geolocalizar a irregularidade das chuvas nas regiões brasileiras, sendo essencial para tomada de decisão.
O mapa foi elaborado com dados oriundos do produto Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS), usando o software de geoprocessamento QGIS. O parâmetro utilizado baseia-se no número de dias secos, ou seja, quando o satélite não registrou chuvas, em 24 horas.
O mapa da precipitação é outro produto de satélite gerado pelo Laboratório Lapis para analisar a distribuição e intensidade das chuvas pelas regiões brasileiras. Você pode observar, no mapa, baixos volumes de chuva em grande parte da Amazônia, do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste brasileiros, no período de 07 a 13 de agosto.
Para gerar esses mapas de chuva, foram usados dados CHIRPS. Os cálculos geoestatísticos dos indicadores foram processados no software livre QGIS.
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Desde o último mês de junho, as chuvas estão reduzidas na Amazônia brasileira. Por outro lado, agosto foi marcado pelo aumento das chuvas no Centro-Sul do País, principalmente na região Sul, áreas do Sudeste e do Centro-Oeste. As informações foram obtidas a partir da análise do mapa da umidade do solo, gerado no software livre QGIS, com dados de satélite do dia 24 de agosto.
O produto de satélite "umidade do solo" destaca já haver uma queda significativa nos níveis de umidade do solo em grande parte da Amazônia brasileira, comparando o atual percentual com a média histórica. Quase todos os estados da região já são afetados pela redução nas chuvas. Essa tendência de estiagem na região Norte se deve à influência do El Niño.
O mapa da umidade do solo é resultado do monitoramento semanal por satélite das regiões brasileiras, realizado pelo Laboratório Lapis. O mapa foi processado no software QGIS, com dados do satélite SMOS.
O mapa é um dos produtos que fazem parte do método de monitoramento climático e agrometeorológico "Mapa da Mina", do Laboratório Lapis. Para dominar o geoprocessamento no QGIS, do zero ao avançado, gerar e processar mapas e produtos de monitoramento por satélite, usando o software livre QGIS, baixe o e-book gratuito "Como dominar o QGIS: o guia completo para mapeamento", do Laboratório Lapis.
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O acompanhamento contínuo da seca, a partir de dados de satélite, é uma das estratégias mais seguras, sobretudo quando se utiliza uma ferramenta de alta frequência temporal, como é o caso do mapa do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), de frequência diária. O mapa abaixo, processado no QGIS, pelo Laboratório Lapis, mostra a atual condição do vigor da vegetação no Brasil.
O mapeamento da cobertura vegetal, por meio do mapa de NDVI, possibilita detectar não só o início e o fim de uma seca, mas também sua intensidade, duração e impactos, nas regiões atingidas. As imagens abaixo são do Livro "Um século de secas".
Segundo o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, é muito difícil de se detectar o início de uma seca. Geralmente, quando se percebe a intensidade do fenômeno, já se está bem no meio dele. Alguns modelos climáticos tentam prever, mas ainda há muita incerteza.
“Essa é a sutileza e dificuldade do monitoramento de uma seca: saber identificar o início e o fim dela. Se você consegue trazer essas informações, quando a seca vai começar, e perceber quando ela vai terminar, realmente aumenta a capacidade de previsão e você oferece uma perspectiva mais segura para a tomada de decisão, em vários setores econômicos”, explica Humberto.
Quando se trata de análise e monitoramento de secas, com uso de imagens de satélites, o mapa de NDVI não pode faltar. Em 2009, o Laboratório Lapis implantou um protótipo, para uso do NDVI de frequência diária, no Brasil. Esse modelo foi aperfeiçoado e calibrado, de modo que hoje, são divulgados mapas semanais, para todo o Brasil.
O Laboratório Lapis treina usuários para processar e analisar imagens de satélite, gerar mapas e inteligência geográfica, no Curso online de QGIS do zero ao avançado, baseado no seu método inovador “Mapa da Mina”, do Laboratório Lapis. É um treinamento prático que te ensina a usar o verdadeiro poder do QGIS, em sua carreira ou projeto. As inscrições podem ser feitas neste link.
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O mapa semanal mostra a atual situação da cobertura vegetal do Semiárido brasileiro, gerado a partir do cálculo do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), no software livre QGIS.
De acordo com o mapa, baseado em dados de satélite do período de 14 a 20 de agosto deste ano, grande parte do Nordeste brasileiro já apresenta vegetação seca. As áreas verdes abrangem toda a área leste do Nordeste brasileiro, desde o Recôncavo Baiano até o Rio Grande do Norte. O norte do Piauí e o Maranhão também estão com vegetação verde.
As áreas em vermelho do mapa mostram que há registro de estiagem em toda a área central da região. Essas áreas secas abrangem desde o norte de Minas Gerais, passando por grande parte da Bahia e Piauí até áreas do Rio Grande do Norte e Ceará.
O mapa de NDVI é um dos indicadores amplamente utilizados para monitoramento da seca, pelos impactos diretos do estresse hídrico sobre a vegetação. Esse mapa de alta tecnologia, baseado em dados do satélite Meteosat-11, combina a ciência geográfica com o poder do Sistema de Informação Geográfica (SIG). É uma importante ferramenta, que governa a tomada de decisão em diversos setores, especialmente na agricultura.
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A região Sul do Brasil terá uma primavera quente e úmida, à medida que o dipolo positivo do oceano Índico e o El Niño se fortalecem. O Dipolo do Oceano Índico (DOI) é definido pela diferença na temperatura da superfície do mar entre duas áreas: um polo ocidental no Mar da Arábia (Oeste do oceano Índico) e um polo oriental no Leste do oceano Índico, ao Sul da Indonésia.
Os efeitos do Dipolo do Oceano Índico (DOI), em teoria, são menos pronunciados no Brasil que os do fenômeno El Niño e La Niña. Os seus impactos são maiores no oceano Índico e na Austrália, o que leva os australianos a dedicarem muita atenção à oscilação, principalmente pelas consequências na chuva.
A fase positiva traz mais chuva para o Sul do Brasil e o Mato Grosso do Sul, com maior precipitação no Rio Grande do Sul e menor do centro para o norte do Brasil, no trimestre de primavera (setembro a novembro), sob El Niño. Desde o mês de junho, as chuvas estão reduzidas na Amazônia brasileira.
Essa é a segunda semana consecutiva em que o valor do DOI (0,40 °C) está acima do limite positivo. Com um evento DOI positivo e o El Niño unindo forças, existem preocupações óbvias sobre como isso afetará o Sul do Brasil, à medida que o clima continua a aquecer. Fique ligado para mais atualizações sobre a situação do DOI e do El Niño, nas próximas semanas.
O El Niño é um fenômeno natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico, na sua porção equatorial.
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Para gerar os mapas utilizados neste post, foi utilizado o passo a passo do método “Mapa da Mina”, do Laboratório Lapis. Para saber como gerar um portfólio de indicadores ambientais, climáticos e agrometeorológicos, baseados em dados de satélites, com o mesmo método usado pela equipe interna do Laboratório Lapis, inscreva-se no treinamento online em QGIS, do zero ao avançado.
LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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