Secas repetidas favorecem queimadas e poluição na Amazônia em agosto



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O mês de agosto é tradicionalmente um dos mais afetados por incêndios florestais no Brasil, principalmente na Amazônia e no Pantanal. Um fator agravante para essas áreas são as secas repetidas e intensas, que potencializam as queimadas, provocadas pela ação humana.

Há uma relação direta entre secas-relâmpago e aumento das queimadas. Seca-relâmpago (do inglês, flash drought) é um evento extremo de curta duração e forte intensidade, geralmente acompanhado de altas temperaturas.

Alguns municípios brasileiros estão afetados por seca há mais de 100 dias consecutivos. É o caso da área central do Brasil, principalmente microrregiões do Sudeste e Centro-Oeste. O sul da Amazônia brasileira também enfrenta mais uma seca-relâmpago.

Mapa da seca-relâmpago_qgis

O mapa da umidade do solo, gerado a partir do monitoramento por satélite do Laboratório Lapis, permite estimar as áreas afetadas por seca-relâmpago no País. A situação climática aumenta o risco de incêndios florestais e poluição do ar, especialmente na Amazônia. A expectativa é que a chegada do La Niña minimize a seca naquele bioma e os danos sobre a floresta.

Há cerca de 5 anos, repercutia em todo o mundo imagens dos enormes incêndios florestais no Pará, estado situado bem no coração da Amazônia brasileira. Os dias 10 e 11 de agosto de 2019 ficaram conhecidos como “Dia do Fogo”. O episódio foi investigado pelas autoridades policiais como uma ação coordenada de produtores rurais, para queimar áreas da maior floresta tropical do mundo.

Cerca de 60% das áreas incendiadas naqueles fatídicos dias viraram pastagens para o gado, nos municípios paraenses de São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso. As demais áreas de floresta queimada se tornaram vegetação degradada.

>> Leia também: Os 5 fatos que talvez não te contaram sobre as queimadas na Amazônia

Áreas da Amazônia apresentam alto nível de poluição por queimadas

Clima e focos de queimadas na Amazônia

A imagem de satélite mostra a intensidade das queimadas, no dia 03 de agosto, reunindo dados das últimas 20 horas. O produto da potência de fogo foi gerado pelo Laboratório Lapis, a partir de dados da missão Copernicus e da National Aeronautics and Space Administration (Nasa).

A partir do mapa, é possível cruzar informações sobre os focos de queimadas e as áreas com maior poluição do ar, em razão da fumaça dos incêndios florestais.

De acordo com a imagem, os níveis de poluição do ar, neste dia, em áreas do sul da Amazônia e do noroeste do Mato Grosso, estão perigosamente altos, em função das queimadas. Em alguns locais, o índice de poluição por material particulado está entre 50 e 100 µg/m³. Esse nível de poluição do ar pela fumaça das queimadas causa danos imediatos à saúde da população.

A população respira uma quantidade de material particulado muito acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esse tipo de material corresponde a partículas extremamente finas, presentes no ar, com diâmetro de até 2,5 micrômetros (µg), ou seja, apenas cerca de 3% do diâmetro de um fio de cabelo.

Essas partículas são pequenas o suficiente para invadir até mesmo as menores vias aéreas, sendo consideradas um dos poluentes mais perigosos à saúde humana. Elas provocam tanto problemas respiratórios quanto cardiovasculares.

Atualmente, a OMS recomenda que as emissões desse poluente não ultrapassem o limite de 10 µg/m³ por ano ou 25 µg/m³ por dia, para manter a qualidade do ar em condições que evitem riscos à saúde humana.

>> Leia também: O La Niña atrasou. E agora? O que esperar para o clima nas regiões brasileiras

Matopiba e sul da Amazônia concentram focos de queimadas. Entenda o motivo

Focos de queimadas_incêndios florestais na Amazônia_QGIS

O monitoramento do Laboratório Lapis também cruzou informações sobre as condições de tempo nas regiões brasileiras e a maior incidência de queimadas provocadas. A imagem do satélite GOES-16, gerada neste dia 03 de agosto, recebeu a aplicação de algoritmo desenvolvido pelo Laboratório.

O resultado desse tratamento da imagem permite um rastreamento mais acurado da banda de nebulosidade, associada a tempestades severas, sobre as regiões brasileiras. Você pode observar que os maiores focos de queimadas se concentram em áreas secas do sul da Amazônia e de Matopiba

A intensidade do fogo ativo é expressa, na imagem de satélite, pelas cores que vão de laranja (menor energia) até vermelho (maior energia), associadas ao fogo. A taxa de liberação de radiação térmica, por cada incêndio, relaciona-se com a taxa na qual o combustível está sendo consumido e a fumaça produzida.

O monitoramento das queimadas, a partir de dados de satélite, é útil para o acompanhamento de grandes escalas regionais, sendo crucial pela característica continental do País. Isso permite mapear exatamente onde e em que momento o fogo está sendo ateado, análises que seriam difíceis de se obter sem recorrer ao sensoriamento remoto por satélite.

A relação dos focos detectados com as queimadas não é direta, nas imagens de satélite. Um foco indica a existência de fogo em um elemento de resolução da imagem (pixel). Neste pixel, pode haver uma ou várias frentes de fogo ativo distintas, mesmo que a indicação seja de um único foco ou ponto do mapa.

>> Leia também: La Niña pode favorecer chuvas na Amazônia a partir de setembro

Nuvem de fumaça das queimadas na Amazônia chega ao Centro-Sul

Queimadas a Amazônia brasileira

Uma imagem de satélite detectou, na tarde do último dia 30 de julho, uma enorme nuvem de fumaça sobre áreas da Amazônia brasileira. Como você pode observar no mapa, o foco das queimadas que provocaram a fumaça foi identificado em áreas que abrangem o noroeste do Mato Grosso, sudeste do Amazonas e norte de Rondônia.

Ao mesmo tempo, a imagem também mostra a poeira vinda do Saara atravessando o Atlântico e chegando à região Norte do Brasil (Veja a mancha bege que atravessa o Atlântico, na imagem acima).

O satélite detecta a luz espalhada, que pode ser vista a partir do Espaço. Dessa maneira, é possível estimar a quantidade de fumaça e o tamanho das gotículas na atmosfera. Quando a luz solar interage com partículas de fumaça na atmosfera, dispersa-se em direções diferentes, dependendo do tamanho, forma e composição da fumaça encontrada.

Outra imagem atualizada no dia 06 de agosto, mostra que a pluma de fumaça, oriunda das queimadas na Amazônia, cruza o leste da Cordilheiras do Andes, chegando ao Sul e Sudeste do Brasil. Isso ocorre em razão do recorde de registro de focos de queimadas na Amazônia (Veja o destaque em vermelho, na imagem abaixo), nos últimos dias.

Queimadas a Amazônia brasileira_QGIS

A fumaça tem aparência de um véu fino (em tons de bege, na imagem), sendo impulsionada pelos fortes ventos (corrente de jato), a cerca de 10 km de altitude da atmosfera.

>> Leia também: Estudo desenvolve modelo com Inteligência Artificial para detectar secas-relâmpago

Satélite registra chamas de postos de petróleo no Litoral do Sudeste

Queimadas a Amazônia brasileira

Na manhã desta quinta-feira, dia 08 de agosto, a imagem de satélite detectou uma nuvem de fumaça sobre áreas da Amazônia e do Centro-Oeste brasileiro.

O foco das queimadas foi identificado no oeste do Mato Grosso, sudeste do Amazonas, sudoeste do Pará, Rondônia e norte do Mato Grosso do Sul. Como você pode observar no mapa, o satélite também detectou chamas de fogo da exploração em postos de petróleo, no Litoral da região Sudeste. 

A imagem mostra que a pluma de fumaça, oriunda das queimadas na Amazônia, chega ao Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Isso ocorre em razão do registro de focos de queimadas na Amazônia (Veja o destaque em vermelho, na imagem acima), como é comum nesse período. 

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COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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