Sudeste e Centro-Oeste são as áreas mais atingidas por secas-relâmpago



Ouça este conteúdo
Parar este conteúdo

Atualmente, as regiões Sudeste e Centro-Oeste concentram a maior área afetada por seca-relâmpago. A baixa umidade do ar e do solo, comum durante as secas-relâmpago, representa um grave problema para portadores de doenças respiratórias, sendo mais comuns a rinite alérgica e a asma.

O mapa atualizado mostra a persistência da seca-relâmpago na área central do Brasil (Veja abaixo). Seca-relâmpago (do inglês, flash drought) é um extremo climático de curta duração e forte intensidade, acompanhado de altas temperaturas. Essa nova tipologia de seca rápida, decorrente da mudança climática, afeta severamente vegetações, ecossistemas e prejudica as colheitas.

05 de agosto_Mapa da seca-relâmpago_QGIS

Uma das melhores formas para se estimar as secas é utilizar indicadores, baseados em dados de satélites. De acordo com pesquisas do Laboratório Lapis, o percentual de umidade do solo ou o índice de umidade do solo são os indicadores mais recomendados, para analisar secas-relâmpago.

>> Leia também: O La Niña atrasou. E agora? O que esperar para o clima nas regiões brasileiras

Mapa mostra índice de calor extremo nas regiões brasileiras

Mapa do excesso de calor_QGIS

Você pode comparar as áreas atingidas por secas-relâmpago com o mapa da estimativa da temperatura média (Veja no mapa acima). Observe que há uma coincidência entre as áreas mais afetadas por seca-relâmpago e o calor extremo.

O mapa do Índice de Risco Climático (IRC) mostra as temperaturas médias previstas para as regiões brasileiras, com base no modelo de previsão da NOAA. As áreas em vermelho, indicam excesso de calor provavelmente associado à mudança climática. Já as áreas em cinza, indicam relação menos provável com o aquecimento global.

A escala de IRC de +5 significa que a temperatura está 5 vezes maior, sobretudo pela poluição por dióxido de carbono (CO2), causada pelo ser humano. Essa escala de risco indica que a mudança climática pode ter tornado o calor um evento climático extremo, nas localidades que apresentam altas temperturas.

Ou seja, IRC alto (+5) indica maior chance de os efeitos na temperatura local estarem atribuídos à mudança climática. Vale lembrar que há outras influências sobre a temperatura local, requerendo estudos específicos.

>> Leia também: Secas repetidas favorecem queimadas e poluição na Amazônia em agosto

Julho termina com estiagem em quase todo o Brasil

Mapa da precipitação_QGIS

O mapa semanal da precipitação, baseado em dados de satélite, destaca a distribuição das chuvas no Brasil, no período de 22 a 26 de julho deste ano. De acordo com o monitoramento do Laboratório Lapis, a estiagem predominou em quase todas as regiões brasileiras.

De acordo com o novo mapa, a estiagem ainda predomina em toda a área central do Brasil, atingindo o Sudeste, Centro-Oeste e grande parte da região Sul. Durante o período, a estiagem também predominou em grande parte do Nordeste e da Amazônia.

Na área central do Brasil, a estiagem ocorre em razão de uma forte massa de ar seco, que persiste desde o mês de abril. Por outro lado, o extremo norte da Amazônia continua com chuvas frequentes e volumosas.

O mapa da precipitação faz parte do portfólio de produtos de monitoramento por satélite, do Laboratório Lapis. Com essa ferramenta, é possível se manter atualizado sobre a distribuição das chuvas, em qualquer área do território brasileiro, com frequência mensal ou semanal.

O mapa semanal foi gerado no software livre QGIS, a partir do cálculo do Índice de Precipitação Padronizado (SPI). Esse índice de seca permite analisar a duração, frequência e gravidade das secas meteorológicas, usando dados do Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS).

>> Leia também: Estudo desenvolve modelo com Inteligência Artificial para detectar secas-relâmpago

Método permite identificar vulnerabilidades ambientais e climáticas nos municípios

Mapa da cobertura vegetal_QGIS

Mapa da cobertura vegetal no Semiárido brasileiro.

O Laboratório Lapis desenvolveu um método para identificar vulnerabilidades ambientais e climáticas nos municípios, em especial, no Semiárido brasileiro. Em janeiro de 2024, a delimitação do Semiárido brasileiro passou a contar com 1.477 municípios e área total de 1.335.298 km².

Essa área inclui os 50 municípios agregados, a partir da decisão provisória de que não seriam extintos da delimitação de 2021. Assim, a fronteira da região se expandiu para 1,3 milhão de km².

No Livro “Um século de secas”, apresenta-se uma metodologia criada para analisar as vulnerabilidades mais presentes em municípios do Semiárido. Você pode observar, na imagem abaixo, a ilustração do método. 

Livro Um século de secas

Observou-se uma gradação no nível de vulnerabilidade desses municípios: por um lado, há aqueles que reúnem até sete tipos de problemas ambientais e socioeconômicos simultâneos; por outro, há os que apresentam apenas alguns. 

- Vulnerabilidade à desertificação: um processo crescente e irreversível, intensificado pelas intensas secas e pelo manejo inadequado dos recursos naturais;

- Vulnerabilidade climática: maior frequência de secas intensas e atuais impactos da mudança climática;

- Vulnerabilidade ecológica: os riscos que a Caatinga enfrenta de atingir um ponto de não retorno, ou seja, a degradação e as secas podem causar danos fisiológicos a ponto de a vegetação perder sua capacidade de se autorrecuperar;

- Vulnerabilidade socioeconômica: agricultura familiar de baixa escala é desmantelada, durante as secas, e a população perde sua principal fonte de subsistência;

- Vulnerabilidade institucional: falta de capacidade institucional dos municípios para enfrentar problemas ambientais complexos;

- Vulnerabilidade do conhecimento: limitação no acesso a informações técnico-científicas qualificadas impede uma melhor gestão dos recursos naturais;

- Vulnerabilidade sanitária: no contexto das mudanças climático-ambientais, há um maior risco da emergência de endemias e epidemias na região. Inclusive, muitas doenças emergentes estão associadas à qualidade da água e às secas extremas.

O Laboratório Lapis elaborou, no QGIS, o shapefile que demarca a área regional do novo Semiárido brasileiro, a partir da inserção desses municípios agregados. Confira a lista e o mapa dos municípios e estados que integram a região. Disponíveis em formatos .shp e KML. Para fazer o download gratuito, clique neste link.

O Livro “Um século de secas” apresenta a história completa da delimitação da região semiárida brasileira, desde o antigo Polígono das Secas até a criação oficial da região e suas recentes mudanças. Para adquirir seu exemplar, acesse a livraria sem fins lucrativos do Instituto Letras Ambientais.

>> Leia também: Entenda em 7 pontos o surgimento de áreas áridas no Brasil

Mais informações

Passe 01 ano inteiro sendo treinado pela equipe do Laboratório Lapis, para aprender a dominar o QGIS, do zero ao avançado. Estão abertas as inscrições para o Curso de QGIS "Mapa da Mina”, do zero ao avançado. É um treinamento 100% prático e online, similar a um MBA. 

Você tem a oportunidade de aprender a dominar o mesmo método usado pela equipe interna do Laboratório Lapis, para gerar mapas e produtos de satélites, como os divulgados neste post. Assista à videoaula introdutória do Curso e entenda como funciona o método.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

Gostou do texto? Compartilhe com seus amigos:



Artigos Relacionados

Clima e energia

Previsão indica inverno com seca e calor na área central do Brasil

Clima e energia

Cresce número de municípios afetados por seca-relâmpago no Brasil

Clima e energia

Atlântico Norte mais quente provoca forte seca-relâmpago na Amazônia

Inscreva-se

Deixe aqui seu e-mail e receba nossas atualizações.


×

Este site utiliza cookies. Ao fechar este aviso, você concorda. Saiba mais.