Mapeamento mostra aumento no número de dias secos no Nordeste



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Um mapeamento feito pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) mostra uma piora na situação da seca no Nordeste. Desde o início de setembro, um bloqueio atmosférico afeta grande parte da região. A irregularidade das chuvas é consequência de uma estiagem prolongada, associada às altas temperaturas.

O produto de satélite “mapa do número de dias secos” mostra a frequência das chuvas nas regiões brasileiras, no período de 17 de outubro a 15 de novembro deste ano.

No mapa, as áreas em vermelho indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos 30 dias. Já as áreas em verde, mostram chuvas regulares ou os locais que tiveram apenas de 1 a 3 dias sem chover, durante o período.

Mapa do número de dias secos_QGIS

No mapa, você pode observar que o nordeste da região Norte também enfrenta uma sequência de vários dias secos, caracterizando uma seca-relâmpago.

As secas-relâmpago são períodos de ausência ou redução abrupta das chuvas, levando ao início de uma seca repentina, acompanhada por altas temperaturas. Uma seca-relâmpago faz com que as lavouras sejam perdidas muito mais rapidamente do que durante as longas secas convencionais, quando o processo é mais lento e gradativo.

É muito mais difícil prever secas-relâmpago usando modelos climáticos globais, em razão da instabilidade do clima e das limitações dos dados/ferramentas atuais. Por isso, o Laboratório Lapis já usa Inteligência Artificial (IA) para estimar esses eventos extremos de curta duração, como explicamos neste post.

>> Leia também: Laboratório indica previsão de seca para o Nordeste em 2025

Onda de calor atinge Nordeste e áreas da região Norte

Onda de calor_Nordeste_QGIS 

O alto risco climático do Brasil se concentra atualmente nas regiões Norte e Nordeste. A atual fase seca da Oscilação Madden-Julian (OMJ) piora a onda de calor e poluição, principalmente na área central e leste do Nordeste. O oeste da região Norte também continua enfrentando seca.

A seca é um fenômeno climático complexo, que pode ser estimado de várias maneiras. O Laboratório Lapis utiliza um conjunto de indicadores para avaliar a condição de seca nas regiões brasileiras.

No mapa do Índice de Risco Climático (IRC) para o dia 21 de novembro, as áreas em vermelho indicam altas temperaturas, que coincidem com as áreas mais secas. A escala de IRC de +5 significa que a temperatura está 5 vezes maior, em razão da mudança climática (sobretudo poluição por dióxido de carbono, causada pela ação humana).

Essa escala de risco indica que a mudança climática alterou a temperatura local. Ou seja, IRC alto (+5) indica maior chance de os efeitos na temperatura local estarem atribuídos às mudanças climáticas. Vale lembrar que há outras influências sobre a temperatura local, requerendo estudos específicos.

>> Leia também: Verão no Brasil não terá impacto do La Niña nem do El Niño

Chuvas recuperam vegetação em grande parte do Brasil

Mapa da cobertura vegetal_QGIS

O Laboratório Lapis monitora semanalmente a situação da cobertura vegetal nas regiões brasileiras, a partir de dados de satélites. O mapa foi gerado no software livre QGIS, a partir do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), com dados do período de 11 a 17 de novembro deste ano.

Você pode observar, no novo mapeamento, a vegetação se recuperando em toda a área central do Brasil, principalmente no Centro-Oeste e Sudeste, em razão das chuvas mais frequentes. Mas em quase toda a região Nordeste, a vegetação está extremamente seca.

O mapa foi processado com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km. O NDVI é um dos indicadores mais importantes para monitoramento das áreas com vegetação saudável ou sob impactos da seca.

Em 2009, o Laboratório implantou um protótipo para gerar o mapa de NDVI de frequência diária, para todo o Brasil. Esse modelo foi aperfeiçoado e calibrado, de modo que hoje, são divulgados mapas semanais cobrindo todo o território brasileiro. O produto foi processado com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km.

>> Leia também: Novembro começa com onda de calor no Nordeste e na Amazônia

Mapeamento mostra persistência da seca no Semiárido

Mapa da cobertura vegetal satélites_QGIS 

O Laboratório Lapis lançou um novo mapeamento da cobertura vegetal no Semiárido brasileiro. O mapa semanal, gerado com dados de satélites do período de 11 a 17 de novembro, permite identificar as áreas com cobertura vegetal saudável ou sob influência da estiagem.

Chama-se atenção, no mapa, para a estiagem generalizada no Nordeste Setentrional, que compreende o Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Ceará. Além disso, áreas do Semiárido de Alagoas, Sergipe, Piauí e Bahia também estão sob estiagem intensa.

Há alguns meses, uma massa de ar seco sobre a região provoca predomínio de seca e altas temperaturas. Recentemente, o oeste do Nordeste recebeu volumes significativos de chuva, levando à recuperação da cobertura vegetal.

O mapeamento da cobertura vegetal possibilita detectar não só o início e o fim de uma seca, mas também monitorar sua intensidade, duração e impactos. Em especial, permite detectar as secas-relâmpago. São secas rápidas e de curta duração (cerca de 30 dias no Brasil), com impactos severos na vegetação e umidade do solo.

Em 2009, o Laboratório implantou um protótipo para gerar o mapa de NDVI de frequência diária, para todo o Brasil. Esse modelo foi aperfeiçoado e calibrado, de modo que hoje, são divulgados mapas semanais cobrindo todo o território brasileiro. O produto foi processado com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km.

>> Leia também: “Quatro secas extremas em duas décadas é incomum para a Amazônia”, afirma meteorologista

Mais informações

O conteúdo deste post foi aprofundado no Livro “Um século de secas”, que analisa os vários tipos de secas e políticas hídricas implementadas na região, por mais de cem anos (1901-2016). 

Os mapas e produtos de satélite utilizados neste post foram gerados no QGIS, o software livre de Geoprocessamento mais usado do mundo. Você pode passar 01 ano inteiro sendo treinado pelo Laboratório Lapis. Inscreva-se no Curso online "Mapa da Mina", que ensina o método exclusivo do Laboratório Lapis para dominar o QGIS, do zero ao avançado.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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